Apresentamos a seguir o projeto de Estudio BRA Arquitetura e Mono Arquitetos premiado com uma Menção Honrosa no concurso Anexo da Câmara Municipal de Porto Alegre, promovido pelo Departamento do Rio Grande do Sul do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS)
Dos arquitetos: O projeto de um plano de ocupação e ampliação espacial do complexo da Câmara Municipal de Porto Alegre, colocado publicamente, suscitou a ideia da construção do lugar: pelo sítio de características simples, pelo programa ligado ao tema da cidadania e pela paisagem, natural e construída, do Parque da Harmonia do lago Guaíba e da área central.
O terreno, próximo ao centro velho de Porto Alegre e contíguo à sede da Câmara Municipal – CMPA estrutura física do lugar, estimulou as possibilidades de percurso e as articulações propostas – na escala urbana, das margens do Guaíba ao bairro administrativo, passando pelo complexo da Câmara e demais edifícios da administração pública – e do parque Maurício Sirotsky, conectando-se ao espaço aberto, redefinido, e à nova edificação.
A paisagem física e social - dada pelo ponto e seu entorno urbano, dirigiu a decisão por uma arquitetura que se caracterizasse menos pelo destaque do objeto e mais pela possibilidade de referendar situações, dar suporte a novos programas e gerar dinâmicas de uso complementares e articuladas, valorizando a dimensão pública e a construção coletiva do artefato urbano.
Como resultado desse raciocínio, propomos que o projeto para o Edifício Anexo da CMPA deva qualificar o tecido urbano com uma arquitetura que respeite o gabarito e o compasso do bairro, estabelecendo com o atual edifício sede, com a sua envoltória e com a paisagem urbana e natural que se converte em uma relação volumétrica equilibrada, harmônica e espacialmente contínua e consequente.
Por se tratar de conjunto de uso público e representativo, pensamos que seu projeto deva constituir-se de uma arquitetura que o referencie como signo urbano presente, nítido e com identidade suficiente para ser reconhecido e assimilado na cidade.
PROPORÇÃO E CONCORDÂNCIA ARQUITETÔNICA
Tivemos como princípio básico unificar e consolidar volumes distintos em um território urbano e paisagístico, buscando esta harmonia com a paisagem e com o bairro administrativo através do gabarito e de suas volumetrias.
Convencionalmente, o Edifício Anexo expressa uma arquitetura independente daquelas dos edifícios existentes. Sua concepção busca criar uma unidade volumétrica entre os edifícios, de modo a dotar de coerência física e funcional todo o conjunto edificado.
Implantado ao Sul da atual sede do Câmara Municipal, se desdobra de maneira que todas as suas fachadas tenham contato com o entorno, não resultando em empenas cegas ou fachadas subutilizadas.
Levamos em conta a densidade e a extensão do programa requerido, disposto em um terreno plano, de dimensões limitadas, e conformado entre uma edificação de implantação quadrangular, nos conduziram ao projeto de um edifício horizontal, dotado de um embasamento maior no térreo, que ocupa quase toda a área legalmente permitida para o lote.
Mantemos o edifício existente e sua arquitetura praticamente inalterado, fazendo a comunicação com o novo através de uma passarela através do 1º pavimento do conjunto, e pelo pavimento térreo através de uma adequação externa, de modo a facilitar e integrar os fluxos e usos do complexo.
Sugerimos um edifício translúcido, permeado por jardins e áreas verdes, e bem iluminado que se distribui ao entorno de um pátio interno cujo vazio percorre todos os seus pavimentos. Como elemento que associa as atividades do conjunto, para este vazio integrador evidencia-se o fluxo e o movimento dos usuários e abrem jardins internos e espelhos d’água.
Seus espaços internos se concebem dentro de critérios baseados na flexibilidade de layout, otimização de percursos e concentração de alguns ambientes fechados, contrapostos a outros abertos de grande visibilidade e abundante luz natural. Essa condição proporciona espaços de trabalho e convivência pouco convencionais, porém dinâmicos, fluídos e extrovertidos, que acreditamos serem capazes de estimular novas relações entre pessoas e suas atividades.
Uma Cobertura Unificadora, composta por grelha metálica, vidro e um sistema eficiente de extração de ar e de proteção solar, filtra a luz natural e serve de coroamento a esse espaço diáfano de mediação entre os ambientes natural e construído.