Hoje seria o 83º aniversário de João Filgueiras Lima, o Lelé. Para celebrar, inauguramos hoje com o Hospital de Taguatinga nossa seção dos Clássicos da Arquitetura de 2015 com uma série de projetos do arquiteto, que serão apresentados nas próximas semanas.
O edifício é uma barra alongada construído a partir de um sistema pré-fabricado de concreto armado. Longitudinalmente é definido por uma seqüência de pórticos centrais cujas mísulas apoiam vigas. Esse sistema configura a circulação principal do edifício. Caixas vazadas estruturais constituem as fachadas mais extensas. São unidas estruturalmente e separadas verticalmente por uma viga de bordo contínua moldada in loco. No sentido transversal, lajes tubadas vinculam-se àquela viga de bordo e se apoiam nas vigas dos pórticos centrais.
As lajes transversais têm um metro e dez centímetros de largura. Cada grupo de três lajes totaliza três metros e trinta centímetros de largura e correspondem a um módulo de fachada. Esse módulo pode ser subdividido em quatro partes iguais, das quais três correspondem à caixa vazada e uma, à faixa vertical de fechamento em concreto armado que configura a separação entre duas caixas e que contém janela basculante de duas folhas.
A caixa avança em relação ao plano da fachada um metro e cinqüenta centímetros. Em seu plano interno, está uma janela composta por quatro folhas de vidro dispostas assimetricamente e estruturadas por esquadrias constituídas de perfis metálicos de tamanhos variáveis. À frente desta, a meia-altura, está uma chapa metálica disposta horizontalmente estruturada por barras em ambas as extremidades, configurando elemento de proteção solar com inclinação regulável. Todos estes elementos metálicos tem cor verde.*
O partido adotado na implantação do edifício em terreno de acentuada inclinação culminou na concepção de quatro níveis. No primeiro nível está o bloco de internação constituído por cinco pavimentos escalonados. As lajes instituídas pelo escalonamento dos pavimentos estabeleceram os solários da hospitalização nos terraços que foram ajardinados.
Os recintos de serviços gerais ficam no segundo nível. No terceiro nível estão as áreas de atendimento médico: emergência, arquivo, bloco cirúrgico e obstetrício, além de outros serviços complementares. Esses dois últimos níveis estão conectados ao primeiro por meio de rampas e de uma prumada de circulação vertical.
No quarto nível está a edificação que abriga os ambulatórios. Essa edificação está desconectada do restante do conjunto. Sua cobertura formada por sheds pré-moldados de concreto que medem onze metros de comprimento assentados em forma de abóbadas de arestas. A viga principal do bloco dos ambulatórios foi fundida in loco.
* Os três primeiros parágrafos foram escritos coletivamente durante o Workshop ArchDaily Brasil: Clássicos da Arquitetura Brasileira, realizado no PROPAR-UFRGS, ministrado pelo editor Igor Fracalossi.
- Área: 27 m²
- Ano: 1968
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Fotografias:Joana França, Renato Araújo