- Área: 1172 m²
- Ano: 2011
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Fotografias:Leonardo Finotti
Descrição enviada pela equipe de projeto. O edifício Estúdios Capelinha 244 é iniciativa de arquitetos – maioria entre os empreendedores –, interessados em apresentar alternativas à padronização do mercado imobiliário. Apresenta 10 apartamentos, todos com área privativa, ora ao nível térreo, ora nas coberturas. Os espaços internos, compactos, se distribuem em dois ou três níveis, integrados por um vazio interno que amplia verticalmente as unidades. Assim, busca-se a possibilidade de um habitar menos determinado e menos condicionado pelos modelos tradicionalmente praticados no mercado imobiliário.
SÍTIO E IMPLANTAÇÃO
Implantado em um lote urbano de pouca largura (10x40m), o edifício aproveita o declive suave para implantar as garagens em subsolo, distribuindo 5 apartamentos ao nível térreo e 5 coberturas. As aberturas dos apartamentos se orientam predominantemente para a frente e para os fundos, evitando a lateral com pouca largura e as visadas de vizinhos. O apartamento intermediário, com maior afastamento, se abre no sentido oposto para ambos os lados, ocupando nos pavimentos pares a área sobre a circulação coletiva e usufruindo de ventilação cruzada. As áreas frontais e laterais são privativas para os apartamentos térreos, ambientados como pequenos sobrados, cada qual com seu quintal gramado. As coberturas usufruem dos terraços com vista para a cidade e para a Serra do Curral.
USO E APROPRIAÇÃO
A integração espacial assegura o maior aproveitamento dos espaços, evitando a compartimentação típica dos apartamentos-tipo do mercado. A cozinha está na sala, aos modos de um armário. A sala, por sua vez, se abre para uma varanda e para um jardim, ampliando a área de convívio social. No pavimento superior, os quartos se conformam como mezaninos, abertos para o vazio, compartilhando o banheiro. Ao invés de pensar o espaço como uma sequência de compartimentos fechados por quatro paredes, que o morador precisa quebrar e refazer para habitar melhor, com alto custo financeiro e ambiental, aplica-se o raciocínio inverso: fazê-lo aberto e sem paredes, o que permite usufruir da integração visual e física. Se necessário, em uma ação construtiva rápida, econômica e sem resíduos, é possível fechar e redefinir os espaços.
A indeterminação funcional evitou a multiplicação de banheiros – há um em cada pavimento do apartamento – e a multiplicação de compartimentos, resultando em um ambiente integrado, com maior qualidade ambiental – iluminação e ventilação fartas, proporcionadas pelas amplas aberturas. Para tanto, todos os elementos fixos e determinados de infraestrutura – sanitários, cozinha, escada interna – se concentram em uma faixa lateral, liberando o espaço central com área de permanência prolongada de uso indeterminado.
Materiais simples e duráveis – o granilite nas circulações coletivas, salas e banheiros; o taco de madeira nos mezaninos; o deck nos terraços; aço oxidado no muro frontal, mais sujeito a desgastes; pintura texturizada nas fachadas – permitem concentrar esforços e investimentos em amplas aberturas, portas de correr, jardins privativos e elevador, conformando infraestruturas e espaços internos mais preocupados com a qualidade ambiental do que com a representação social.