Apresentamos a seguir a proposta do escritório A3 arquitetura.engenharia premiada com Menção Honrosa no concurso Sede Administrativa da Câmara de Vereadores de Porto Alegre. O edital previa a construção de um edifício de até 10 mil m² localizado atrás do atual prédio da Câmara destinado às Diretorias Geral, Administrativa e Financeira. Veja a seguir algumas imagens e a descrição da proposta pelos autores.
Dos arquitetos. O partido proposto para a sede administrativa anexa a Câmara de Vereadores inicia com o aprofundamento da lógica de construção da forma, do programa e do sistema formal projetados pelo Arquiteto Araújo para o edifício da Câmara, em 1975. Além da nova proposta derivar da análise sistemática do projeto para o edifício já existente as características do lugar e entorno próximo, as necessidades específicas do novo programa e o desempenho dos sistemas construtivos contemporâneos, foram ingredientes fundamentais no processo de criação para o sistema formal do novo edifício a ser construído.
O projeto de arquitetura da sede administrativa emerge da abstração da geometria do edifício pré-existente e dos potenciais do sítio e entorno. Os princípios de construção da forma e de composição que nortearam o projeto, também se fundamentam na ordem, na coordenação modular e na proporção que o entorno edificado sugere. A geometria do lote também foi considerada, porém não é síntese do resultado formal, já que usualmente edifícios de escritórios públicos exigem grande capacidade de flexibilidade. Portanto a síntese formal, também corresponde às possibilidades de inserção de novas edificações, para ampliação dos serviços públicos, bem como considerou as possibilidades de conexões com o parque existente.
Os processos de ampliação de edificações, rearquitetura, revitalização e restauro são objeto de análises de diversos estudos científicos e despertam um grande interesse público no contexto das cidades, tanto por oferecer um grande desafio profissional, quanto por interferir nos interesses dos diversos atores sociais. O contexto profissional da intervenção arquitetônica e urbana proposto pelo concurso do projeto de ampliação da Câmara de Vereadores do Rio grande do Sul desperta um interesse em particular, um olhar para a tradição moderna, para as qualidades formais dos diversos subsistemas projetados através da lógica moderna, assim como para a identificação de estratégias modernas atemporais e universais, pertinentes à contemporaneidade na escala urbana, da paisagem e da arquitetura que conforma nossas cidades.
O maior desafio do projeto foi estabelecer um diálogo silencioso entre a tradição Moderna do edifício existente, o Palácio Aluísio Filho, o qual segue princípios da sistematicidade, rigor, precisão e universalidade, conforme proposta projetada pelo Arquiteto Cláudio Araújo. Sabe-se que o projeto original sofreu alterações no transcorrer destes anos. Com a ampliação da nova sede administrativa, recomenda-se a revisão e implementação do projeto original, já que muitas atividades serão transferidas para o novo edifício. Este objetivo foi percorrido através da meticulosa calibragem das proporções do edifício novo sem perder de vista os requerimentos funcionais da obra.
A sustentabilidade pode ser aferida nas relações estabelecidas entre o ambiente construído proposto e o seu respectivo desempenho social, econômico e ambiental. Neste contexto o projeto inclui o diálogo entre os sistemas formais propostos e seus respectivos desempenhos nas esferas do tripé da sustentabilidade. Esta visão permeou durante todas as decisões de projeto, desde a concepção das hipóteses iniciais do projeto até o desenvolvimento das estratégias específicas.
Parte-se do pressuposto de que um projeto de caráter público que gere urbanidade proporcione o uso democrático do espaço, racionalize a sua lógica construtiva e apresente bom desempenho as questões ambientais pertinentes, poderá atingir alguns patamares da tão almejada sustentabilidade.
Para o desenvolvimento do projeto em questão, foram incluídos requisitos ambientais indicados nos selos ambientais para as edificações e espaços urbanos, reconhecidos internacionalmente e aplicados no contexto brasileiro. Somando-se a isto o projeto também recorre ao aporte teórico/prático no contexto do Sul do país, a fim de identificar particularidades regionais, tendo em vista de que estes selos representam questões globais. Para o planejamento ambiental do ambiente construído é necessário identificar a abrangência sistêmica das relações ambientais, além de analisar especificidades do contexto local e verificar as conexões entre as estratégias. As estratégias gerais que foram aplicadas no projeto foram estruturadas dentro das grandes áreas de atuação, de forma semelhante aos métodos de avaliação ambiental, e de acordo com os principais objetivos da sustentabilidade ambiental sob a perspectiva da região na qual a obra se insere: Urbanidade e Paisagem; Mobilidade e acessibilidade; Gestão das águas; Eficiência energética e conforto ambiental; e Sistemas e materiais.