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- Área: 48 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Florian Holzherr, Paul Bardagjy, Fernando Ortega
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Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto The Color Inside é um marco na Universidade do Texas na coleção de arte pública de Austin. Localizado na cobertura do Centro de Atividade Estudantil, o projeto nasceu do desejo do corpo de estudantes por um refúgio tranquilo no próprio Centro de Atividade Estudantil (CAE). Este edifício atua como um centro social e cultural altamente ativo, com amenidades que incluem, entre outros, salão de festas, teatro, auditório, salas de conferências, e alguns escritórios para as organizações estudantis. Através de um processo de projeto altamente participativo, os estudantes foram fundamentais na definição das funções programáticas do CAE e seu papel dentro do campus. Como resultado, o artista aclamado internacionalmente James Turrel foi convocado para projetar um "Skyspace", uma de suas obras habitáveis, para oferecer um espaço de tranquilidade entre a atmosfera dinâmica do CAE.
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A obra de Turrel desafia a relação tradicional entre o objeto e o espectador. Através da manipulação de cor e luz, a instalação altera radicalmente a percepção do espectador do céu, aparentemente o trazendo para o plano do espectador. Sua obra não tem objeto, não tem presença física; ao invés disto, luz e percepção são suas mídias artísticas. Como Turrel disse, "Luz não é apenas uma coisa que revela, mas sim a própria revelação". Chamando a atenção aos mecanismos de percepção na obra no ato de ver, ele infunde a consciência de que a experiência subjetiva molda a nossa compreensão da realidade e do mundo que nos rodeia. Este processo de percepção se aproxima bastante das práticas contemplativas orientais, e o próprio Turrell muitas vezes compara seu trabalho com as práticas Quaker de sua própria juventude, em que o ato de oração silenciosa é descrito como "interiorizar para saudar a luz."
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Oculto na cobertura do CAE, Skyspace se mantém parcialmente escondido da vista da rua abaixo. Visitantes têm de subir ao terceiro pavimento do CAE, percorrer um longo corredor e então um terraço ao ar livre antes de o Skyspace ser revelado. Uma vez no interior, visitantes descobrem um espaço elíptico, com um estar que conta com assento de basalto, piso também em basalto e um grande banco reclinado que direciona o foco ao óculo no teto acima. Luzes de LED controladas por computador ocultas em uma cavidade iluminam o espaço sensitivo - uma superfície em gesso localizada sobre o banco - com cores que mudam durante um programa de uma hora todos os dias no entardecer e amanhecer. O espaço pode acomodar de maneira confortável 25 espectadores ao mesmo tempo, oferecendo uma experiência íntima, mas ainda assim, comunal.
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Com a crença que simplicidade facilita a espiritualidade, a obra de Turrel tende a ser sobressalente; o espaço aparentemente simples somente foi alcançado através de rigor técnico. A forma elíptica do Skyspace necessitou de grids estruturais não tradicionais que se relacionam com os eixos menor e maior da elipse. O peso da estrutura evitou que fosse instalado diretamente sobre a cobertura do edifício, e como resultado, o espaço criado por Turrel na verdade paira 20 cm acima da cobertura, apoiado por duas grandes vigas metálicas. O acabamento em gesso, comumente não utilizado em coberturas foi utilizado de maneira similar à um conjunto de cobertura de metal, com uma membrana à prova d'água localizada diretamente abaixo do acabamento para prevenir infiltrações.
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A exigência incomum de um espaço condicionado com uma abertura para o céu criou vários desafios no que diz respeito à água e controle de umidade. A temperatura do ar que entra no espaço a partir da câmara de pressão tinha de ser cuidadosamente controlada e monitorizada para evitar a formação de condensação, quando o ar frio entra em contato com o ar quente dentro do espaço. Além disso, todas as superfícies horizontais, incluindo o banco, a abertura de luz, e o piso tinham que ser tratados como uma superfície de cobertura para gerir o escoamento da água.
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Os requisitos para o acabamento de gesso interno apresentou seus próprios desafios. Uma vez que o gesso vai rachar ao longo do tempo, as juntas de controle são tipicamente integradas nos acabamentos em gesso para gerir onde e como o gesso irá ruir. No entanto, o espaço necessitava ser uma grande tela sem emendas para expor a luz. Como resultado, ao invés de utilizar juntas de controle, um revestimento elastomérico foi aplicado em ambas as superfícies interiores e exteriores do gesso, que se expande e preenche as lacunas até 2,5 cm de largura, quando rachamento ocorre.
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Com uma equipe de projeto e construção dedicada à manutenção da integridade da visão artística de Turrel, assim como o corpo de estudantes da Universidade, The Color Inside é uma obra de delicada beleza, detalhamento refinado, e execução precisa. Devido à suas especificações ambientais - e porque são estruturas permanentes - apenas 12 de mais de 80 de seus Skyspaces possuem acesso público, no entanto The Color Inside fornece uma oportunidade rara para o público experimentar um projeto Skyspace enquanto também fornece um espaço de paz e reflexão para os estudantes.
Todas as fotos são cortesia de Landmarks, o programa de arte pública da Universidade do Texas, em Austin.