Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto se desenvolve em um terreno de 1100 m², localizado no caminho para as serras de Córdoba, na localidade de La Calera. É inserido em uma colina que possui vista para um vale do próprio bairro, com uma orientação noroeste e com 15 metros de desnível entre a parte frontal e o fundo.
O bairro se caracteriza por ter uma topografia com inclinações abruptas, portanto, a princípio, pensou-se em buscar uma estratégia que permitiria obter um espaço plano onde poderia se assentar a residência. Isto implicava em uma operação aparentemente inteligente que consistia em escavar a montanha ao fundo do lote e com isto preencher a frente, o que nos dava como resultado o tão valioso espaço plano para apoiar a arquitetura. Esta solução utilizada na maioria dos casos gerava, por um lado, um dano importante na topografia natural, que vinha sendo agredida pela escavação, e por outro lado, pátios de casas cujas fachadas posteriores tem vista para uma montanha "mordida".
Discordando do dano que esta intervenção causaria, recorremos à ideia corbusierana de elevar todo o volume da residência sobre a topografia e deixar passar a montanha por debaixo, garantindo o espaço plano necessário, de maneira artificial, através da realização de duas lajes, "piso e teto" ambas apoiadas sobre colunas de concreto.
O movimento topográfico do entorno gera uma diversidade de perspectivas devido a forte articulação da mesma. Um exemplo interessante disto é quando vemos a casa a partir da rua da frente, desde onde a inclinação que passa abaixo da planta da residência começa a nivelar por causa do efeito da perspectiva e se vê através das transparências como invólucros verdes verticais.
Esta opção gerou uma relação mais integrada e respeitosa da montanha e estabelece um diálogo não imposto entre o terreno e a obra. Isto é importante, já que é uma das maiores preocupações do estudo, "a inserção da obra no terreno".
O volume arquitetônico é um retângulo suspenso, deixando um espaço abaixo que é aproveitado como garagem, lavanderia e espaço semi-coberto. Sobre o plano nobre foi proposto um acesso pelo setor esquerdo através de uma escadaria com um pequeno hall de entrada semi-coberto, a partir do qual se tem acesso à sala de estar/jantar. Os dormitórios foram organizados na parte frontal, aproveitando as melhores orientações e visuais. Na parte traseira foram dispostos a cozinha, banheiros e roupeiro.
Todas as fachadas foram propostas em concreto, com dobras que conformam proteções solares. Durante o verão, quando o oeste está rotacionado para a fachada frontal, elas geram uma série sucessiva de sombras que reduzem a radiação solar, tornando viáveis as grandes superfícies de vidro. A fachada posterior da residência, assim como a cozinha, é revestida com folhas de vidro 5+5 com laminação em PVB opalino que continua pelos banheiros como um invólucro translúcido.
O interior da casa é resolvido com a ideia da contraposição entre o concreto extremamente rústico e as paredes brancas perfeitas no interior, que se erguem de um piso branco de micro-cimento, que não alcança a laje, separado apenas para gerar uma tensão entre os dois materiais, resolvendo funcionalmente as esquadrias dos vidros.
Assim como a inserção é um importante assunto para resolver nos projetos também é, após ensinamentos do arquiteto Cesar Naselli, a maneira como a luz entra no interior da edificação, sublimando os espaços com clima especial e alterando de acordo com o horário e as estações. Isto foi alcançado através de um revestimento de madeira localizado na escadaria, na qual reflete manchas de luz para um volume de luz aconchegante.
As dez colunas que conformam a estrutura da habitação estão dispostas de tal maneira que criam uma trama de vigas invertidas capazes de sustentar pequenas lajes maciças, fazendo com que sua parte inferior pareça um volume de concreto puro. A disposição das vigas geram lacunas que são preenchidas com isopor, resolvendo o problema do isolamento térmico inferior produzido por causa do piso "voador" em contato com o exterior.