Apresentamos a seguir o projeto desenvolvido pelos escritórios SIAA + HASAA e premiado com o primeiro lugar no Concurso para o Restauro da Estação Ferroviária de Mairinque, promovido pelo programa de incentivo à cultura do Governo do Estado de São Paulo (ProAC). Leia a seguir a descrição do projeto pelos arquitetos e veja também algumas imagens da proposta.
Dos arquitetos. O museu da estação de Mairinque proporciona aos seus visitantes um passeio que retoma a história ferroviária e a expansão das infraestruturas no interior paulista, assim como a aproximação com a própria história da cidade. Nos moldes aqui proposto, integrado por espaços de estar e deleite, certamente será um lugar de encontro da população com sua identidade.
Artefatos e edifícios criados por e para processos industriais constituem, nesse caso, o patrimônio de interesse. As peças do atual acervo são testemunho das técnicas construtivas das ferrovias da virada do século XX, sendo o próprio edifício da estação fundamental para a fundação da cidade. Mairinque foi pensada como uma vila operária com qualidade
urbana como tantas outras no Brasil, de modo que seu traçado, praças e casas do primeiro loteamento, hoje denominado Vila Sorocabana, também integram o patrimônio industrial.
Além desses objetos a dimensão histórica do trabalho e dos ofícios que envolveram esse período deve ser agregada ao conjunto para conformar a história do processo de industrialização do Brasil.
A expografia do conjunto é proposta para abrigar essa heterogeneidade e montar livremente as narrativas, com mobiliário versátil disposto sem percurso pré-determinado.
EXPOSITORES
Os expositores propostos são móveis de estrutura tubular metálica em quatro tipos diferentes, divididos em duas famílias, 90 e 45. Na primeira temos três peças moduladas em 90cm, enquanto na de segunda há um único tipo, moculado em 45cm, variando entre com e sem
tampo. Nos dois casos os expositores se combinam criando formas versáteis capazes de apoiar cartazes, imagens e objetos, de diferentes tamanhos.
O arranjo entre eles resulta em peças transparentes que não interferem na leitura do edifício que as abriga, além de que são portantes, de modo que não será necessário agredir o edifício tombado com a fixação dos expositores.
AMBIENTES DE EXPOSIÇÃO
Galpão da Plataforma:
No galpão da ilha propomos uma grande área expositiva, mostrando a memória da Companhia Sorocabana e a história do trabalho ligada à construção e uso das ferrovias em São Paulo no começo do século XX.
Junto dos objetos históricos do acervo serão produzidas peças gráficas que explicam as técnicas construtivas empregadas na época, ilustrando a expansão da Sorocabana e a história de ocupação do interior paulista.
Sala de Exposição da Estação de Mairinque:
Essa sala de exposição receberá o acervo sobre a própria estação de Vitor Dubugras. Será comentado seu estilo arquitetônico, contextualizando-o na história da arquitetura, assim como sua técnica construtiva e a importância que teve, como obra inaugural, para o desenvolvimento da técnica de concreto armado no Brasil bem como seu papel estrutural na fundação da cidade.
Vagões da Plataforma:
Os vagões receberão a exposição que retoma a memória ferroviária em São Paulo, reforçando a ligação entre Mairinque a outras cidades fundadas na mesma situação que ela e expondo a percepção em rede, provocada pela malha ferroviária, fazendo comentários sobre outras estações e cidades de destaque.
No último vagão, onde ainda há assentos, poderão acontecer palestras e mostras de vídeo sobre o processo de restauro da Estação, a memória ferroviária e memória de Mairinque, acrescentando outras mídias ao acervo do Museu proposto.