Introdução
O projeto insere-se num plano global de gestão urbanística definido pela Câmara Municipal de Esposende para a área da margem fluvial de Esposende e pelo programa funcional anteriormente proposto em reuniões prévias ocorridas entre o gabinete Victor Neves, Arquitectura e Urbanismo, Lda, a Câmara Municipal de Esposende e o Instituto Marítimo-Portuário.
A intervenção consistiu fundamentalmente na reorganização de uma frente urbana, delimitada por um rio, a fim de criar uma vasta área de lazer público, cercado por vários edifícios relacionados com atividades náuticas. Como intenção geral, inclui-se a necessidade de preservar a identidade visual e paisagística do local, assim como a sua condição de espaço prioritariamente público e não-construído.
As intervenções sobre espaços de margem ribeirinha, no caso presente com forte influência marítima, são intrinsecamente carregadas de uma tensão que decorre da circunstância da dificuldade de definição de uma fronteira precisa entre os dois meios que se encontram e se manifestam de maneiras contrastadas.
Originalmente, o projeto incluiu várias estruturas metálicas, apoiando cubos de vidro (5X5X5m), que seriam colocadas no rio, ao longo de um passadiço. Estas estruturas não foram incluídas devido à regulamentação e às condições financeiras.
O conceito por trás de toda a proposta é a seguinte:
- Dar prioridade à paisagem natural, negando a artificialidade dos excessos formais do "design" e também negando a profusão de materiais, muitas vezes exibidos em intervenções urbanas recentes.
- Aumentar um processo didático, criando uma abordagem diferente para a riqueza da flora e fauna dos ecossistemas locais, por parte da população local.
Paisagismo
A área de intervenção é constituída por uma frente marginal sujeita a forte influência estuarina, num contexto urbano sobre o qual incidem mecanismos de transformação acentuada em direção a um equilíbrio entre atividade produtiva e prevalência de uma utilização lúdica. O troço marginal, objecto da presente proposta, assume um papel relevante nesta dinâmica.
A intervenção incide primordialmente ao nível da requalificação urbanística, definindo dois vetores fundamentais – o estabelecimento de um percurso pedonal em passadiço sobre-elevado e o tratamento da margem sujeita às oscilações de maré.
O passadiço sobre-elevado constitui a peça fulcral da composição, oferecendo circunstâncias perfeitamente novas de vivência do sítio e reforçando o carácter lúdico que se pretende implementar. Este percurso que prolonga naturalmente as linhas de retenção marginal que se encontram de ambos os lados do seu arranque seria pontuado por elementos construídos que teriam uma dupla funcionalidade de, por um lado, elementos plásticos intervenientes na composição cênica e urbana pretendida, por outro lado, de espaços que albergarão usos diretos específicos relacionados com uma abordagem eminentemente pedagógica do percurso.