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Arquitetos: FGMF
- Área: 157 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Rafaela Netto
Descrição enviada pela equipe de projeto. Localizado em uma conhecida rua da Vila Madalena, bairro boêmio de São Paulo, o Guilhermina é um restaurante e rotisserie com conceito diferenciado e é o primeiro empreendimento deste grupo de investidores.
O terreno de 5 x 25 m era anteriormente ocupado por uma construção totalmente deteriorada e que foi demolida para dar lugar ao novo edifício, que ocupa quase que a totalidade do lote, preservando apenas um pequeno recuo frontal, que é a entrada do restaurante e a área de espera ao ar livre junto a um jardim. O edifício do restaurante pode então ser entendido como um único volume com a mesma largura do lote e com 6m de altura, todo ele com um revestimento cimentício, interna e externamente.
O restaurante possui dois níveis: O térreo é destinado à entrada, caixa, balcão de atendimento e exposição de alimentos frios, área de mesas, banheiros e ao fundo a área de exposição de alimentos quentes e geladeiras com produtos congelados e vinhos. O andar superior concentra a cozinha e demais espaços de serviços, além de um pequeno escritório. A cozinha possui fechamento em vidro e pode ser visualizada desde o piso inferior, sendo um elemento de destaque. A laje de cobertura é técnica e é toda ocupada por caixas d'´água e equipamentos de ar-condicionado, exaustão, insuflamento, etc.
Buscamos um contato permanente do prédio com a rua. Para isso o recuo de três metros foi mantido e ocupado por um pequeno jardim, além de a fachada ser totalmente envidraçada. Os quase seis metros de vidro são divididos em duas partes: A inferior conta com folha de correr, que permite a comunicação entre a área interna e a externa. Já a superior é composta de vidro fixo e permite a completa visualização do interior do restaurante.
No interior chama atenção a grande estante em madeira que organiza produtos em exposição, camufla áreas de armazenamento e de equipamentos do restaurante, abriga um grande sofá e é, ao mesmo tempo, móvel, forro e revestimento. Este grande elemento é recortado no teto a fim de permitir através de retângulos de tamanhos variados a entrada da luz natural ao longo do dia e da luz artificial de refletores à noite. Na parede, nichos irregulares continuam esta lógica de cheios e vazios tornando intrínseca a relação entre a arquitetura e o mobiliário.
Outro item importante na composição do espaço interno é uma longa fita formada por um mosaico de cerâmica branca que parte da entrada do restaurante e caminha ora pelo piso, ora pelas mesas, ora pelo balcão de exposição de alimentos e termina na parede do fundo do salão numa nova tentativa de subverter a separação entre o que é construção e o que é mobiliário.
As obras de arte têm também seu espaço no projeto. Abaixo da janela entre a cozinha e o salão, a área de pé-direito duplo é ocupada por uma escultura de tela metálica e peças cerâmicas, realizada pela mesma ceramista que desenvolveu especialmente para o restaurante o conjunto de copos, pratos e travessas. Por fim, o grafite aparece nas portas dos banheiros, distinguindo os sexos.
O funcionamento do restaurante é bastante flexível. Podem-se fazer refeições no local ou comprar alimentos e outros produtos para comer em casa. Os produtos ficam expostos ao longo de todo o espaço, que dividem democraticamente com os clientes de curta e de longa permanência. Esta flexibilidade foi intencionada também no projeto arquitetônico, seja na tênue separação entre o dentro e fora, seja na diluição das diferenças entre construção e mobiliário.