Apresentamos a seguir o projeto do Estúdio 41 premiado com o Segundo Lugar no concurso Anexo da Câmara Municipal de Porto Alegre, promovido pelo Departamento do Rio Grande do Sul do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB-RS). Leia a seguir a descrição da proposta pelos arquitetos.
Dos arquitetos: A estratégia para a implantação do edifício anexo para a Câmara Municipal de Porto Alegre é um exercício de projeto que propõe definir em primeiro lugar a ausência, antes de definir a presença do novo artefato a ser edificado. Parte-se do princípio que a maior riqueza do local são as visuais generosas sobre o parque, suas áreas arborizadas, o Guaíba e o skyline de Porto Alegre.
O objetivo dessa estratégia é promover a existência de dois espaços de encontro:
- A praça externa - como uma clareira - conservando as características singulares do contexto urbano, a escala do parque.
- O edifício anexo e seu átrio central o qual remete aos pátios existentes no edifício atual da Câmara.
Entre esses dois lugares - o vazio do novo edifício anexo e o espaço livre da praça - posiciona-se uma linha que prolonga a Avenida Clébio Sória, principal eixo de articulação do conjunto. A ideia por trás desse elemento linear de circulação é a garantia das visuais a partir da edificação para os espaços livre exteriores.
Essa linha tronco da proposta apoia-se sobre o bloco de serviços existente, garantindo a integração do conjunto. O bloco técnico de serviços é ampliado, sem perder a escala original. Ao redor dele, uma superfície translúcida de fachada envolve o volume, delimitando a transição entre o prédio principal da Câmara e seu anexo.
O edifício anexo, embora possua um caráter eminentemente administrativo, revela a maneira como o poder público municipal, na figura de seus principais representantes, se posiciona quando da proposição de uma intervenção arquitetônica no espaço urbano. Sendo assim, o objetivo da proposta é propor um espaço público, no seu mais estrito sentido, um lugar cívico e de encontro dos cidadãos.
Os usos descritos no programa de necessidades são distribuídos verticalmente. Quanto mais elevado o pavimento, maior o número de ocupantes e, consequentemente, a oferta de iluminação natural e possibilidade de visuais do Lago Guaíba. Os pavimentos inferiores, onde se localizam os depósitos e áreas de serviço, têm sua envoltória mais opaca, condizente com seu uso. A fachada reflete assim os usos internos, podendo facilmente ser rearticulada no futuro caso haja alterações. É um sistema flexível, onde as placas de drywall podem ser retiradas e substituídas por esquadrias em alguns vãos, caso se queira maior iluminação natural.
A interpretação do terreno e do programa, além da escolha dos sistemas construtivos, fazem com que o espaço externo gerado torne-se o elemento articulador entre o edifício existente e o novo, a cidade e seus vazios, espaços públicos que concretizam o encontro entre os cidadãos e seus representantes democráticos.