- Ano: 2014
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
Descrição enviada pela equipe de projeto. Intervenção no Quarteirão dos Lagares para instalação do Centro de Inovação da Mouraria (CIM), com projeto de arquitetura de DNSJ.arq.Lda. Este conjunto localiza-se no sopé da Colina da Graça. É constituído por cinco edifícios, maioritariamente pré-pombalinos, em alvenaria, com vãos e cunhais em cantaria, organizados em torno de um logradouro, à excepção de um mais recente com paredes de taipa, técnica rara em Lisboa.
O conjunto é encerrado por um muro de pedra possivelmente setecentista. As construções apresentam características de residência senhorial do século XV, sendo um dos raros exemplos subsistentes em Lisboa de organização espacial marcadamente islâmica, constatável no modo como o conjunto se articula através de diferentes níveis e pátios. No logradouro foram encontrados vestígios de duas fontes, uma com fragmentos de porcelana oriental do princípio da expansão portuguesa e a outra, do mesmo período, revestida a azulejo. O conjunto estava em muito mau estado de conservação. A intervenção manteve e valorizou a morfologia e a tipologia da construção, mantendo as suas características islâmico-medievais, bem como os elementos considerados marcantes: as escadas e as estruturas em madeira.
A espacialidade interior foi alterada sempre que necessário, vocacionando os espaços para a promoção e instalação de atividades inovadoras, de caráter econômico, cultural e social. O conjunto é apoiado por uma construção nova, erigida sobre as ruínas na extremidade sul do quarteirão, que integra um corpo de escadas, uma plataforma elevatória e instalações sanitárias. Nesta unidade localiza-se ainda um espaço de recepção/entrada alternativa para pessoas de mobilidade condicionada. O conjunto integra ainda uma sala polivalente, com capacidade para cerca de 50 pessoas. Pode ter funcionamento autónomo, ou ligado às valências do CIM. As ampliações exprimem a sua modernidade, integrando materiais ligeiros e contemporâneos, caracterizando-se pela utilização de transparências e volumes puros que repetem, tal como as pré-existências, a assunção da sua verdade construtiva.