- Área: 300 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:David Grandorge
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Fabricantes: Sky-Frame
Descrição enviada pela equipe de projeto. Gerações de Hamiltons, Aitchisons e mais tarde Wilsons ocuparam a Casa Airdrie e seu patrimônio por mais de 500 anos. A casa e seu entorno imediato estão protegidos e definidos por um cinturão de limoeiros. Seus donos sempre tiveram uma relação íntima com o trabalho voluntário dentro da comunidade local, e em 1919, Sir John Wilson doou a casa e seu entorno ao povo de Airdrie e logo virou um hospital-maternidade.
Em 1964 a Casa Airdrie foi demolida para dar lugar ao Hospital Geral Monklands District. O novo hospital é típico de seu tempo, um diagrama econômico de concreto e vidro. Enquanto o cinturão de árvores sobreviveram à demolição, ao longo dos anos a incansável necessidade de ampliar o estacionamento do hospital fez com que se ocupasse o que era uma paisagem dominada pelo verde, deixando o solo vulnerável e com erosão.
Em um gesto que faz alusão a restaurar a ideia de fronteira do hospital, esta nova unidade da Rede Maggies, um Centro de apoio ao Câncer, envolve dois grupos isolados de limoeiros com uma parede de tijolos, mais uma vez dando um senso de continuidade e fechamento à esta porção norte.
Em seu núcleo, o projeto do Centro Maggie no Hospital Geral de Monklands é simplesmente uma narrativa de jardins fechados. Um jardim é um local civilizado, um espaço cultivado. A palavra paraíso, em seu sentido literal, significa "recinto murado", de pairi- "em torno" e -diz "criar uma parede". A palavra jardim também possui suas raízes na ideia de um espaço fechado; a palavra geard do inglês antigo significa "um pátio fechado, um jardim cercado" ou um "pedaço de chão em torno de uma casa".
Os jardins antigos cercados possuíam apenas cercas, mas as paredes de tijolos do novo Centro retomam estas ideias de paraíso, fechamentos e cercas. O tijolo utilizado aqui é um tijolo dinamarquês feito a mão que em determinados lugares se abre para uma estrutura reticulada vazada. A parede foi projetada para oferecer um grau de separação do terreno do hospital, mas através desta natureza perfurada, a escala humada e a qualidade tátil de sua materialidade, esta pausa é sutil, mesmo em lugares marginais.
Os tijolos são o novo chão, mais duros que argila e mais densos que o solo, mas tão quentes quando a terra. Cria-se uma ordem cívica num cenário vazio, articulando a rica qualidade do material na construção das paredes do jardim e suas formas irregulares feitas à mão.
Uma ideia importante e recorrente é baseada no Castelo Crichton, próximo de Edimburgo, onde antigas muralhas fechavam um pátio pavimento. O pátio está revestido por uma fachada de pedra moldada do Renascimento. O exterior não dá nenhuma pista sobre as maravilhas que encontram-se ali dentro. A ideia de algo descoberto, algo que é revelado.
Os jardins murados do novo Centro Maggie ocultam um modesto edifício baixo que reúne uma sequência de espaços com escalas domésticas, interna e externamente. O pátio externo recebe bastante luz do sol, criando espaços de estar abrigados.
Os visitantes entram por um pátio de entrada calmo e simples, definido pelas paredes de tijolos e pelos limoeiros. Logo na entrada, existe um sentimento de calma e dignidade. Uma pequena fonte de água anima o espaço com o som de água corrente, uma fonte refrescante e uma sugestão aos começos. Há aqui um trecho de um texto, uma citação do poeta Thomas Clark, aumentando a sensação de tranquilidade e reflexão. Um banco simples oferece a oportunidade de uma pausa.
O edifício é alternado com quatro pequenos pátios abrigados. Os dois pátios centrais bem no centro do edifício são animados por dois coletores de luz perfurados e dourados. Parecem pairar sobre o pátio central, refletindo a luz do sol no piso.
Uma simples estrutura de steel frame disciplina a planta baixa, definindo e criando uma escala íntima. A configuração da planta e o detalhamento de elementos divisórios em madeira dos espaços privados permitem que se abram para a sequência de espaços públicos ou que se fechem para criarem momentos mais íntimos. O Steel frame é preenchido de madeira; a paleta geral de materiais é serena e suave, com pisos em madeira de carvalho e forros em madeira de pinus branca.
A jornada através do edifício termina em um grande jardim murado que possui uma suave inclinação descendo ao leste; terraços generosos dão lugar a um jardim com bastante vegetação que com o tempo, vai criar pequenos espaços mais íntimos para conversas ou reflexões.
O Centro Maggies possui estreita relação com as belas artes. Enquanto o mobiliário cuidadosamente selecionado acrescenta conforto, a arte acrescenta cultura à armadura nua da arquitetura. Ao conceber o edifício, as obras de diferentes artistas influenciaram a tomada de decisões projetuais fundamentais e se relacionam com os espaços que abrigam suas obras.
O edifício possui obras de Alan Johnston, artista que relaciona o espaço arquitetônico, sua composição é uma resposta à proporção, às linhas, sólidos e vazios, e está exposta na biblioteca.
Steven Aalders é o autor da tela exposta na entrada, trazendo cor, movimento e luz para os interiores.
O trecho do poema de Thomas Clark exposto nos jardins ressalta a ideia do jardim como um local à parte, um espaço iluminado que daria as boas vindas aos visitantes e presta solidariedade a todos.