Descrição enviada pela equipe de projeto. PROBLEMA ARQUITETÔNICO
O programa deste projeto é uma casa de descanso para uma família de Guadalajara. O edifício faz parte de uma pequena área ecológica localizada sobre o pé dos morros que delimitam o lado de Chapala, próxima à cidade de San Juan Cosala, município de Jocotepec, Jalisco, México.
O lado de Chapala gera a seu redor um clima temperado muito confortável durante todo o ano, o que faz o clima local ser considerado um dos melhores do país. O terreno possui uma superfície de 2720 m². Conta com uma forma retangular irregular e com uma inclinação constante de 15% que desce até o lago em direção norte-sul.
Os clientes, um casal de união sólida, estão casados há 35 anos. Eles têm 5 filhos com idades entre 32 e 17 anos: 1 mulher (a mais velha) e 4 homens. Queriam uma casa "gostosa, funcional, prática, acolhedora, ampla, ventilada, fresca e de fácil manutenção. Que conte com bangalôs para os filhos e convidados, e também com um espaço aberto de oração. Que seja um lugar cativante, que sintamos falta ao ir embora e alegria ao voltarmos.".
INTENÇÃO DO PROJETO
Por tratar-se de uma casa de descanso, buscou-se gerar no usuário experiências diferentes das que se vivem cotidianamente na cidade, por meio de espaços diversos, de ambientes informais e livres, de passeios surpreendentes que estimulem a descobrir e aproveitar o lugar, que propiciem um diálogo constante entre usuário e entorno - com os morros, com a casa, com o lago.
Tentou-se diminuir o impacto da construção total da casa no conjunto, que a casa falasse por si mesma sem ser invasiva no local, que se integrasse à paisagem com propriedade, buscando esse sutil equilíbrio da elegância. A intenção foi que os majestosos morros descessem ao edifício, que tomassem parte no jardim e que subissem à casa. Tínhamos claro que quanto maior superfície de jardim silvestre, maior sua integração ao contexto e menor o custo de sua manutenção.
Tanto o gênero arquitetônico, como o lugar sugeriam para a casa uma linguagem dinâmica, festiva e livre, que em um primeiro momento fizesse reverência ao sul, ao imponente lado de Chapala (maior lago do México). E em um segundo momento, que se reverenciasse ao norte, aos majestosos morros, que foram, para o lago, suas constantes testemunhas, seus fiéis guardiões.
Tratou-se de respeitar a necessidade de independência, tanto dos filhos - de acordo com suas idades - como dos convidados, motivo pelo qual optou-se pelos bangalôs separados da massa principal da casa. A localização destes, assim como do espaço de oração, foram determinados pelos passeios ao longo do terreno, para otimizar e aproveitar todo o edifício.
Buscou-se utilizar as energias renováveis passivas, como o sol e os ventos com o objetivo de manter a casa ventilada e fresca de forma natural, e também para diminuir os custos com energia elétrica. Havia uma vista tendenciosa extraordinária da borda das margens do morro encontrando o lago, o problema é que ela coincidia com um vício cultural que acredita que a orientação oeste é ruim. Convencemos os clientes a aproveita-la com a grande convicção de hoje não existem "más orientações", mas más soluções.
DESCRIÇÃO DA OBRA
O conjunto foi resolvido dividindo-se o edifício, basicamente, em 3 plataformas de forma escalonada, respeitando a inclinação natural do terreno. A massa principal da casa foi implantada sobre a plataforma mais alta do projeto, que é a que oferece as melhores vistas do lago e a partir de onde se experimenta uma maior sensação de domínio. Implantou-se um bangalô de dois dormitórios mais serviços em cada uma das plataformas restantes.
A massa principal da casa foi projetada em dois pavimentos. No térreo, situam-se a sala principal (que por abrir-se totalmente ao exterior funciona como varanda), a cozinha e seu terraço privado (dimensionada para poucas pessoas) e, por último, os espaços de serviço que foram colocados na esquina nordeste do edifício, tais como: lavanderia, dormitório e banheiro de serviço, assim como a dispensa etc. Na planta superior localizam-se 3 dormitórios com vista ao lago e uma sala com vista aos morros. O dormitório principal ocupa o local de domínio, autoridade e hierarquia que corresponde a ele. Com o dormitório 3 aproveitou-se a vista do lago do oeste, e esta orientação radical foi solucionada através de uma treliça deslizante de madeira que contribui para gerar um espaço flexível e ambivalente.
Os bangalôs foram projetados com base em dois critérios fundamentais: evitando obstruir vistas ao lago da plataforma imediatamente mais alta e fundindo, tanto suas janelas com os muros de contenção, como seus telhados verdes com os jardins superiores. O bangalô da plataforma mais baixa, por não ter vista ao lago, foi implantado na esquina sudeste do edifício com a intenção de criar um espaço diferente do restante, mais delimitado e mais íntimo, originando, com seu traço, uma homenagem ao velho cactus silvestre.