Descrição enviada pela equipe de projeto. O confronto com um vulgar apartamento de 85 m² da zona de Cascais - Guia; descaracterizado, caótico na sua organização, sem qualquer referência digna que servisse de âncora, foi a plataforma encontrada. Deste modo, o programa tornou-se uma vez mais a base de trabalho: sem grandes alterações no que à divisão de espaços diz respeito, partir para uma intervenção contemporânea, prática e despida de maneirismos, o requerido.
Hall, cozinha, instalação sanitária social, sala de estar/refeições, circulação aos quartos, quarto e suíte, compõem os compartimentos que definem esta habitação individual.
À entrada, o destaque recai prontamente numa volumetria inesperadamente baixa "telescopicamente vazia" que aponta direções, convidando quem é visita a descobrir os espaços agora simples e diretos. Dois planos pivotantes criteriosamente "disfarçados" de vãos, dão acesso à instalação sanitária social e à cozinha do apartamento. Esta é invadida por uma luz intensa e natural, sem barreiras sobre o plano de trabalho, onde se destacam a bancada/pavimento em pedra mármore e uma consola em madeira de acácia.
Sugere-se como "escape" principal do Hall, o vão de acesso que rompe pela área social do imóvel, aqui a intervenção recai no redesenho do paramento que alberga o recuperador, outrora menos funcional e de desenho duvidoso, dá agora lugar a novos espaços de arrumação e a uma imagem coerente.
O rasgar de um vão na parede que define a fronteira entre a sala e a cozinha (na zona adjacente à fenestração), assume um funcional compromisso e estabelece a ligação entre lugares por vias distintas.
A circulação da zona privada do fogo, resulta numa sequência de planos brancos em madeira pintada, onde se destacam os vãos pivotantes que definem e permitem o acesso aos quartos. Um espaço exíguo, mas articuladamente funcional, onde se ergue ainda um outro volume com a mesma altura do vãos – seguindo a altimetria definida como regra do projeto.
A iluminação é também aqui controlada e assume-se como uma sua responsabilidade.
O espaço é definido pela entrada no quarto, roupeiros corridos no lado oposto e a suite ao fundo, aqui dá-se continuidade aos panos de parede forrados a carpintarias que "abraçam" também a instalação sanitária. Uma "janela"/vão de vidro convida a luz a entrar. Duas cortinas translúcidas protegem-na quando fechadas, atribuindo-lhe, ora privacidade, ora suaves difusores de luz homogénea irradiada pelo quarto. Materiais em pedra mármore, louças de desenho simples e nas paredes massas hidrófugas, foram nas duas instalações sanitárias, as soluções encontradas para servir o equilibro entre intenção de projeto e o budget disponível.
Os quartos: simples, aliados de pormenor nos acabamentos.
O projeto conseguido consolida linguagem e métodos testados anteriormente, uma ideia de habitação mais madura e coerente apoiada na minucia e obcecada razão de conter custos; importante faze-lo? Sim. Necessário faze-lo? Também.
E o cliente agradece, nem sempre…