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Fotografias:Federico Kulekdjian
Descrição enviada pela equipe de projeto. O JCH é um edifício de moradias coletivas em uma esquina nordeste de Moreno, nos subúrbios de Buenos Aires. Seu nome remete ao personagem do tango Borges Piazzola e este tema é refletido ao longo de todo o edifício assim como no seu processo de desenho e construção. A obra se desenvolve em forma de 'L' com grandes circulações e simples corredores semi-cobertos, organizando um pátio central. O edifício está totalmente envolto por uma segunda pele de concreto que ao mesmo tempo é estrutural e define o ritmo do espaço de circulação. Ela possibilita a criação de lugares intermediários em relação as fachadas laterais como uma quinta fachada, com lugares que incorporam o exterior ao interior e vice-e-versa. Do ponto de vista ambiental, esta forma construtiva permite uma primeira barreira que reduz os ganhos de calor durante o verão e as perdas durante o inverno.
Programaticamente, a obra consiste de 38 unidades habitacionais mínimas e em todas foram criadas ótimas condições de isolamento e ventilação cruzada. Levando em conta a dimensão reduzida das unidades, buscou-se nos espaços comuns complementar as necessidades de cada moradia, como uma grande cozinha e salão na cobertura, além de churrasqueiras, piscinas, fogões e banheiros. Estes espaços são acessados facilmente a fim de permitir o apropriamento por parte dos habitantes, já que o elevador vai desde o subsolo até a cobertura. Os espaços de circulação foram reinterpretados para criar verdadeiros lugares de qualidade com isolamento, espaços e vistas, otimizados para o encontro e a vivência.
A estrutura do edifício é de concreto armado e os revestimentos interiores são de alvenaria tradicional. Para as lajes foi utilizado um sistema prenova que possibilita a redução de 30% na quantidade de concreto necessária. Como o concreto não constitui o primeiro revestimento dos espaços interiores pode ser deixado em estado bruto, sem prejudicar as condições térmicas. O concreto foi trabalhado com fôrmas multilaminadas e de madeira.
Na fachada, uma das laterais foi trabalhada por um artista, que com fôrmas de madeira, relembra os escritos de Borges, e também as barras e portões de metal que acompanham o concreto.
No interior, o concreto recebe grafites com uma série de personagens que são tratados com uma linguagem contemporânea mas em alusão a mitologia dos subúrbios borgianos. Outros personagens são apresentados atrás do elevador em uma instalação artística permanente preparada por Pedro Menard, um artista local. Nos espaços comuns do térreo, o concreto se contrapõe a um teto de madeira mecanizado com CNC. Para as sacadas foi utilizado um vidro de segurança multilaminado e perfis de aço inoxidável.
Nas piscinas, o concreto encontra-se com a água e desta forma são organizados lugares úmidos internos e externos. O edifício JCH se apresenta como uma peça que sabe integrar-se com seu entorno, com o verde e com o bairro de edifícios que começa a ser erguido.