Descrição enviada pela equipe de projeto. A casa se encontra no extremo Norte do tecido urbano da cidade de Arroyo Seco, em um novo bairro que possui duas linhas de lotes com frente para um boulevard central com espaço público entre ambas. Este crescimento da cidade está entre a Rota 21 (artéria que conecta o Corredor Metropolitano Sul de Rosário, de caráter portuário e industrial) e o Rio Paraná.
A paisagem possui características de borda. Uma extensão de 3 hectares de campos e plantações separa o bairro do rio, instâncias prévias ao acidente geográfico mais forte dos pampas: o Paraná, com suas praias e barrancos.
O projeto foi financiado através do Programa de Crédito Argentino (PRO.CRE.AR) e tem como destino uma primeira fase de pavimento térreo para a casa de Alfonsina e seus pais. O crescimento futuro no pavimento superior é determinante na tomada de decisões programáticas, materiais e construtivas em resposta às limitações de tempo e economia que o Banco exige como cumprimento.
O terreno de 10 x 31 metros em uma esquina, possui sua frente em direção à rua com orientação sudoeste e os fundos voltados para os campos e o rio com orientação nordeste. Com este cenário e favorecido pelas orientações, o projeto está ancorado na fachada sul e divide as linhas de frente para fazer a maior área de terra destinada aos jardins e garagem, obtendo uma paisagem visual completamente aberta.
O desenvolvimento programático é planejado como uma casa chorizo, neste caso, escalonando sobre si mesma até chegar no pavimento superior e construindo uma volume monolítico.
A planta térreo se desenvolve a partir de um núcleo de serviços alojado na metade do terreno. Uma sucessão de espaços de uso comum como a cozinha, sala de estar e jantar começam a escalonar seus tetos para deixar escapar visuais pontuais em direção ao bairro. No setor de pé direito duplo, a escadaria e passarela conectam o pavimento superior ao uso mais íntimo dos dormitórios. Este pavimento recai de volta ao ponto de partida do térreo, gerando abaixo uma galeria e área de estacionamento junto ao jardim. O acesso aos terraços do setor dos dormitórios conclui o percurso com um ponto de vista panorâmico.
Os materiais utilizados são exibidos em seu acabamento natural, desprovidos de gesso, reboco e revestimentos. Todas as paredes são feitas em alvenaria de tijolos duplos com uma câmera interna. Com esta trava, que consiste em um tijolo frontal sobre um de canto e vice-versa, é possível obter fileiras de 21 cm de módulo quadrado.
Este padrão, ao trabalhar com as sucessivas fiadas, assume a configuração de tecido que muda de direção cada vez que encontra uma aresta. Esta lógica de modulação possibilita a extração de elementos para gerar uma rede com entrada de luz filtrada e vistas recortadas. As colunas e vigas metálicas aceleram o processo construtivo e resolvem em detalhe a cobertura com pequenas lajes ocas.
A diferença entre o fechamento ao bairro e a abertura à paisagem evidencia a situação de borda onde a casa está inserida.
