A Jóia d'Azóia / Pedro Quintela

A Jóia d'Azóia / Pedro Quintela - Mais Imagens+ 20

Colares, Portugal
  • Arquitetos: Pedro Quintela; Pedro Quintela
  • Área Área deste projeto de arquitetura Área:  264
  • Ano Ano de conclusão deste projeto de arquitetura Ano:  2012
  • Fotógrafo
    Fotografias:Giorgio Bordino
  • Texto: Carla Silva
  • área Do Terreno: 233 m2
  • Tempo De Obra: 2 anos
  • Arquiteto Responsável: Pedro Quintela
  • Cidade: Colares
  • País: Portugal
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© Giorgio Bordino

O Lugar

A localidade onde esta intervenção teve lugar foi em Sintra, na Vila da Azóia, o povoado mais ocidental do Continente Europeu. Situa-se numa zona bem privilegiada, entre a Serra e as imponentes falésias sobre o Oceano Atlântico, onde se ergue o majestoso farol do Cabo da Roca. Este descrito pelo escritor Luís Vaz de Camões como o lugar “onde a terra acaba e o mar começa” e também eleito como “um lugar inspirador para a Humanidade construir um Mundo em Paz e Harmonia”, pela Peace Blossom.

É no topo da pitoresca Rua do Bêco que está localizada a casa em questão, outrora  assemelhando-se a uma velha muralha de pedras abandonadas, física e visualmente intransponível, cujos anos de esquecimento permitiram que a densa vegetação de silvas ocupasse a totalidade do seu espaço. 

© Giorgio Bordino

A Intenção

Movido pelo desejo de dar novos sentidos e utilidades às velhas coisas valorizando-as, o Arquiteto crê que tem no seu olhar mais atento o Dom de transformar aquilo em que toca e, nesse sentido, a recuperação / reconstrução desta ruína não foi a exceção.

Acredita que uma evolução estruturada não está na pontual mudança radical e por vezes egocêntrica de quem nela intervém, mas sim numa humilde e sábia transformação holística do que já existe, respeitando toda a sua história.

© Giorgio Bordino

O Conceito

Trata-se de um entendimento da Arquitetura como um processo de evolução que, tal como na natureza, respeita três fases principais: adaptação (exploração com respostas imediatas ao lugar), transformação (reflexão) e cristalização (criação). Desta forma pretende-se que resulte uma intervenção coerente, da qual resultam lugares harmoniosos não só com o seu contexto, mas também com as intenções/ pretensões dos que o criaram. Só passando por este processo, considera uma obra ser autêntica respeitando assim "O Espírito do Lugar".

Planta Baixa

O Método de trabalho

O seu método de trabalho é, garante-nos, intuitivo. Os seus verdadeiros clientes são as próprias obras. É com elas que passa a maior parte do seu tempo, “escutando-as” com atenção. São elas que lhe “sussurram” e lhe dizem como querem ser reconstruídas. Como se de um “porta-voz” se tratasse, assume por isso, que a sua função é sobretudo “saber ouvir” e ajudar a criar naquele lugar em particular, o que este lhe pede que seja feito.

© Giorgio Bordino

O exterior

Devido às severas características climáticas do lugar e à proximidade das casas circundantes, optou-se por “abrir a casa” para Poente. Além de lhe conferir proteção ao desagradável vento e chuvas de norte, conferiu-lhe a privacidade desejada. Possibilitou ainda uma vista privilegiada sobre a pitoresca Rua do Bêco e também para o Oceano Atlântico como fundo, até à linha de horizonte, onde se pode contemplar o por de sol.

A limitada área do lote, levou a criatividade do Arquiteto mais além, que conseguiu criar prazerosos espaços exteriores em todos os pisos, surpreendendo e deliciando todos os que desta casa hoje usufruem.

© Giorgio Bordino

Privacidade e muita luz natural

A abertura pontual de vãos é descoberta conforme se vai conhecendo a casa. Ao entrar, embora não se veja nenhuma janela, sente-se a magia da luz natural indireta a fluir pelos espaços. Rasgos pontuais e claraboias estrategicamente colocadas permitem varrer de luz as paredes, harmonizando o ambiente através de degrades de luz e sombras resultantes das formas orgânicas das paredes e seus acabamentos suaves, sem ângulos retos, “que convidam a entrar”. Através destas aberturas, a ligação visual ao exterior de quem vive o espaço é inevitável. Autênticas molduras para um céu em constante mutação.

© Giorgio Bordino

A iluminação

O Arquiteto considera a iluminação como uma habitual fonte de poluição, não física ou visual, mas sim sensitiva, pelo que lhe dá especial atenção. A luz “aparece” através de floreiras, nichos, prateleiras, degraus e muito habitualmente “escondida” através das próprias vigas, funcionando como “cascatas de luz” homogêneas que, tanto como iluminar, parecem ter a função de aquecer o lugar.

O vidro também é muito utilizado como separação física mas não visual, assim como os jogos de espelhos que funcionam também como reflexos de luz e amplitude espacial.

© Giorgio Bordino

Os materiais

O Arquiteto acredita que a simplicidade dos materiais ressalta a essência da sua Arquitetura, que pretende genuína e não “mascarada”. Acredita que a beleza da Arquitetura, tal como a do ser humano, está na sua simplicidade.

O conhecimento e familiaridade com os materiais expande as suas capacidades e aplicações construtivas e, desde o momento que estes se passam a chamar “por tu”, a ilimitada criatividade “brinca” com os materiais das mais diversas maneiras. Um material experimentado à sua exaustão pode trazer-nos infinitas maneiras de ser usado, sendo assim desnecessário o uso de outros materiais, possibilitando desta maneira uma maior harmonia no espaço assim como um preço mais baixo na construção. Nesta casa podemos ver vários materiais, originalmente ásperos e duros, recriados em formas suaves e maleáveis.

Inspirado nas praias das proximidades, o Arquiteto concebe o revestimento interior e exterior da casa a partir do reboco à costa da colher. Para o efeito utiliza a cor natural das areias misturadas com cimento branco e finaliza com um banho de verniz transparente, que confere impermeabilização e um tacto acetinado à casa. A suave, luminosa e quente cor pretendida baseou-se também na cor reminiscente das casas de pedra originais assim como da ligação à Terra que, completa os outros três elementos tão presentes neste lugar: o Céu, o Mar e o Fogo.

© Giorgio Bordino

A decoração

Conforme a casa se ia desenvolvendo, em paralelo, acontecia o mesmo com a decoração. O conceito Holístico do Arquiteto perante a Arquitetura passa também por este ponto. O entendimento do que é que os espaços da casa estão a pedir, foi o último passo a dar antes da conclusão.

Objetos, estrategicamente colocados com sentido, fazem parte dos lugares onde estão, completando um entendimento espacial desenvolvido desde o início da obra. Enfim, uma nova vida redesenhada e transformada para pertencer a esta casa tal como esta voltou a pertencer ao lugar.

Planta Baixa

Conclusão

Através de seu conceito Holístico, aqui trabalharam-se as energias desorganizadas, utilizando-as, assimilando-as e organizando-as formando uma estrutura específica com identidade, criando beleza, verdade e valor.

Esta intervenção tratou de ir mais além do que construir uma casa com as lembranças nostálgicas do passado, de apreciações estandardizadas do lugar definidas pela presença imediata.

Tratou-se de entender o lugar através das suas qualidades intangíveis, seus mitos, suas lendas, suas politicas e humanidade. O desafio do Arquiteto foi de infundir esta intervenção com a morfologia do lugar.

© Giorgio Bordino

Galeria do Projeto

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Sobre este escritório
Cita: "A Jóia d'Azóia / Pedro Quintela" [The Azóia's Jewel House / Pedro Quintela] 23 Ago 2015. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/772330/a-joia-dazoia-pedro-quintela> ISSN 0719-8906

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