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Arquitetos: Nicholas Plewman Architects
- Área: 5384 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Dook
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Fabricantes: Serge Ferrari
Descrição enviada pela equipe de projeto. Um hotel de luxo com 24 dormitórios no coração de Okavango Delta, Botswana. Okavango Delta é considerado uma das sete maravilhas naturais do continente africano. A casa de campo original foi construída há 17 anos e já é declarada patrimônio da humanidade. Em consequência disso, uma série de apropriadas restrições formidáveis foram impostas durante a construção.
O desenho de Sandibe não somente cumpre com estes requisitos, mas também valoriza e se inspira neles. Este lugar é um manifesto de todas as criaturas que nunca encontraram um lugar para refugiar-se embaixo das árvores centenárias do local. A inspiração vem dos animais que carregam seus refúgios com eles e os tecem a mão através de materiais orgânicos. Escolhemos o pangolim - espécie de tatu africano - como um motivo específico devido ao seu caráter tímido, evasivo e completamente inofensivo e sua capacidade de esconder-se na sua própria carapaça protetora de escamas. A última edificação parece ter crescido organicamente do terreno ribeirinho, ou metaforicamente falando, para ser uma criatura endêmica, gentil e maternal levando-a para fora através do bosque pantanoso.
Apesar das certificações LEED ou GREENSTAR não terem sido aplicadas nesta obra, o projeto admitiu que, no caso de sua aplicação, os padrões mais altos de reconhecimento seriam buscados. Os imperativos de sustentabilidade do projeto foram:
- Os novos edifícios tiveram que ser inteiramente construídos com materiais bio-degradáveis;
- O local, separado da civilização por pântanos e rios, teve de ser completamente limpo de todo o material anterior não degradável - literalmente centenas de toneladas de tijolos e argamassa removidos cuidadosamente por caminhões fora do delta;
- 70% da casa de campo de luxo necessitava de energia sustentável implicando no mínimo de impacto possível em relação ao local, fauna e flora;
- Um tratamento completo de esgoto e eliminação de resíduos.
Além de tudo, o cliente esperava um hotel que oferecesse os mais altos padrões de luxo aos seus hóspedes. Basicamente, isto significa, além de um desenho único e inspirador, um compromisso com a energia, abundante abastecimento de água quente, banheiros de luxo e de preparação de alimentos, como os melhores hotéis do mundo.
O projeto terminado cumpre ou excede todos os imperativos anteriores.
Sandibe está construído quase em sua totalidade de madeira. As vigas de pinos laminado conferem a forma curvilínea. A pele do edifício é formada como um barco invertido a partir de camadas de tábuas de pinos impermeabilizado com uma membrana de acrílico e coberto por telhas de cedro canadense. A biblioteca possui 'envidraçamento' - uma membrana permeável mas altamente resistente a intempérie e termicamente eficiente.
As paredes externas de telas e grades são formadas a partir de lâminas de eucalipto conectadas por um arame rígido. As coberturas e os pisos foram feitos de madeiras aprovadas pelo FSC (Conselho de Gestão Florestal). A potência é obtida através de um gerador fotovoltaico de 100 KVA, que necessitam de uma duração de 3 a 4 horas do dia. A água quente está disponível inclusive para a cabana mais afastada, a partir de um painel solar apoiado por bombas de calor que continuamente bombeiam a água através de um duto principal de 2,5 km. Apesar da distância, a perda média de temperatura entre a fonte e a torneira mais distante é de apenas 1,7 graus.
Toda a água, o solo e resíduos são coletados através de um tratamento biológico de efluentes que é comprovadamente seguro para descarga no meio ambiente. Finalmente, o sucesso ambiental do projeto é talvez melhor julgado a partir do fato de que a vida selvagem prolífica da área, incluindo grandes animais como elefante, hipopótamo, leão e leopardo continuaram vivendo e usando o local como se a edificação não existisse. Eles simplesmente não o veem. Como IM Pei disse: "A boa arquitetura permite que a natureza entre."
Originalmente publicado em Setembro 01, 2015