Clássicos da Arquitetura: BDMG / Humberto Serpa

Por Nara Grossi

Implantado em terreno de esquina, não se passa imune à forte presença dessa obra, que tem a estrutura como principal elemento de expressividade.

Clássicos da Arquitetura: BDMG / Humberto Serpa - Escada, Fachada
© Marcelo Palhares Santiago (ARQBH)

A malha estrutural é a definidora do partido. Pilares de seção trapezoidal em concreto aparente marcam os limites frontais do lote e sustentam o corpo de vidro fumê, que se materializa recuado e quase flutuante.  O descolamento de três metros entre corpo e estrutura abre perspectivas, permitindo que a leitura entre esses dois elementos se dê separadamente.

Planta Tipo

Como forma de reforçar a independência do prisma em vidro, os dois primeiros e os dois últimos pavimentos recuam em relação ao alinhamento dos andares-tipo. Com esse artifício o volume principal se mostra pretensamente solto do chão e da cobertura, como objeto independente em sua relação com o rigor da malha estrutural.

Clássicos da Arquitetura: BDMG / Humberto Serpa - Imagem 34 de 46
Perspectiva do Concurso. Image © Acervo Humberto Serpa

A simetria orienta o desenho. Com fachadas de medidas similares–um retângulo de trinta e três por trinta e oito metros em planta–, a modulação estrutural conta com dois pilares centralizados em cada face e um pilar maior a quarenta e cinco graus em cada vértice. O acesso ao prédio movimenta a trajetória, já que o térreo está um metro abaixo do nível do passeio, protegido por taludes gramados, numa arquitetura sem cerceamentos, onde os espaços público e privado se misturam.

Clássicos da Arquitetura: BDMG / Humberto Serpa - Janela, Escada, Fachada, Corrimão
© Marcelo Palhares Santiago (ARQBH)

Um núcleo central resolve as circulações verticais, sanitários e apoios, amarrando o sistema estrutural, em solução espacial de planta livre que segue por todos os pavimentos. Térreo, mezanino, terraço e cobertura possuem perímetro menor, recuados três metros em cada face do prisma principal, de nove pavimentos.

Corte BB

Além das áreas de escritórios e gabinetes, o programa conta com biblioteca, laboratórios fotográficos, gráfica, dois níveis de garagem no subsolo, bar e restaurante no mezanino, com área aberta expandida configurada por terraço com paisagismo exuberante.

Clássicos da Arquitetura: BDMG / Humberto Serpa - Janela, Jardim, Aido
© Nara Grossi

A grelha vazada de concreto aparente no coroamento reflete a lógica estrutural adotada, favorecendo, juntamente com os pilares, a participação da luz natural como elemento de transformação do espaço construído. Pilares e cobertura conformam uma caixa independente, que recebe o volume construído habitável.

Clássicos da Arquitetura: BDMG / Humberto Serpa - Viga
© Nara Grossi

A luz, assim como elementos físicos e conceituais adotados na arquitetura –estrutura no alinhamento, caixa em vidro recuada, acesso rebaixado, opacidade e transparência– também possui papel transformador da paisagem, na relação de permeabilidade e expressividade do edifício com seu entorno. Ela ocupa os vazios construídos.

Clássicos da Arquitetura: BDMG / Humberto Serpa - Janela, Fachada
© Marcelo Palhares Santiago (ARQBH)

* O projeto foi vencedor de concurso para a sede do banco. Atualmente o edifício encontra-se em processo de tombamento pelo Patrimônio Histórico Municipal.

Nara Grossi é arquiteta graduada pela UFMG e mestre pela FAUUSP. É sócia diretora da Gema Arquitetura, com escritórios em Belo Horizonte e São Paulo.

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Belo Horizonte, Brasil
  • Arquitetos: Humberto Serpa; Humberto Serpa, Marcos Meyer (Matu), Márcio Pinto, William Ramos Abdalla, Cid Horta
  • Ano Ano de conclusão deste projeto de arquitetura Ano:  1969

Galeria do Projeto

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Localização do Projeto

Endereço:Rua da Bahia, 1600 - Centro, Belo Horizonte - MG, 30160-011, Brasil

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Sobre este escritório
Cita: Nara Grossi. "Clássicos da Arquitetura: BDMG / Humberto Serpa" 16 Set 2015. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/773020/classicos-da-arquitetura-bdmg-humberto-serpa> ISSN 0719-8906

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