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Arquitetos: Rosa Ma Ballester Espigares
- Área: 170 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Ignacio Espigares Enríquez
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto encontra-se num entorno agrícola, área dominante na planície do Campo de Cartagena dedicada a um cultivo de irrigação intensiva graças à extrema fertilidade de seus terrenos. Por estas particulares características, a norma vigente estabelecia que a construção existente não poderia ser derrubada para a construção de uma nova.
Dita construção, quase em ruínas, estava formada por duas edificações em torno de um pátio: uma residência e os galinheiros, construídas com muros de pedra em mal estado e com uma cobertura provisória de chapa metálica.
A intenção desta reabilitação é aproveitar as vantagens que oferece a construção tradicional, como a espessura das paredes e suas orientações, e dar uma passagem além na concepção do espaço doméstico ao evoluir a estrutura funcional imposta, que conta com pequenas aberturas para a entrada de luz e espaços muito hierarquizados, que não permitem a flexibilidade que demanda a vida contemporânea.
Sobre esta base, se procedeu a modificação do esquema funcional existente, de forma que a casa pode se organizar em gradientes de intimidade, se mostrando introvertida a partir das fachadas exteriores e se abrindo completamente ao espaço central, eixo sobre o qual se desenvolve a vida na residência. Os espaços de uso compartilhado (acesso, salão, cozinha, copa e sala de jogos) são inseridos em torno deste pátio, que se comporta como um ambiente a mais, gerando uma visão panóptica de todo o conjunto. O resto das habitações são abertas a um espaço comum entendido como uma ampliação menos privada das mesmas e potencializando, assim, a flexibilidade em seu uso.
A fim de concluir o projeto com os mínimos recursos econômicos e energéticos possíveis, foi empregado um único material para a envolvente da edificação, reduzindo assim o custo geral e a dotando de uma identidade própria que permite sua integração com a paisagem. Foram utilizados materiais e técnicas locais aproveitando ao máximo as energias naturais. O projeto inclui um sistema para reaproveitamento das águas pluviais numa cisterna enterrada.
A residência resultante assume a condição de continuidade com o lugar e pode ser entendida como a proposição de um modo de vida moderno vinculado a pré-existências anteriores através de uma linguagem sóbria e controlada.