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Arquitetos: FGMF
- Área: 430 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Rafaela Netto
Descrição enviada pela equipe de projeto. Recentemente fomos convidados para propor uma intervenção de caráter arquitetônico em uma tradicional mostra de decoração temporária em São Paulo, a Casa Cor. A proposta do convite era a de realizar o acesso principal da mostra, um espaço que une entrada, bilheteria, chapelaria e sala de imprensa e funcionasse como um grande “lobby”. Nossa proposta foi a de criar um espaço que fizesse uma sutil ponte entre o espaço público e o privado, entre o externo e o interno, em alinhamento com as principais propostas arquitetônicas estudadas pelo nosso escritório nos últimos anos.
O local da proposta é a de um trecho do Jockey Clube de São Paulo, local tradicional de São Paulo, e nesse sítio havia alguns elementos importantes que deveriam ser levados em consideração – O ponto de acesso do grande muro do Jockey, um edifício existente, e as grandes árvores do local, todos objetos tombados pelo patrimônio histórico e não passíveis de intervenção. O acesso ao caminho principal da mostra e a uma pequena construção também parte da feira fecham os pontos que deveriam ser respeitados e conectados pela arquitetura.
Para resolver o programa e trabalhar as questões colocadas acima, trabalhamos com quatro elementos chave para organizar a composição do projeto:
- Em primeiro lugar a grande marquise modular hexagonal de madeira laminada que alterna módulos abertos e fechados, que funciona como uma espécie de pérgola-marquise e indica o caminho para o acesso principal da mostra. Esse elemento também serve como suporte para refletores de forma a ser tornar uma grande luminária, pois durante os meses do evento diversas festas e atividades noturnas ocorrem ali.
- Havia a necessidade de alguns espaços fechados, que dispusemos como uma espécie de “containers” – a bilheteria, chapelaria e sala de imprensa – volumes na maior parte fechados, com aberturas precisas e revestidos de telhas perfuradas metálicas.
- A topografia artificial; instalação de 7 mil hastes metálicas que são uma interpretação de uma possível topografia ou paisagismo ladeando os acessos, que criam ilusões de ótica como as obras de Cruz Diez ou Rafael Jesus Soto.
- O edifício tombado existente não permitiria nenhum tipo de intervenção que não seu restauro. Como não havia tempo ou verba nesse sentido, optamos por envelopar o prédio todo com um projeto de restauro realizado a mão por um especialista na escala 1:1.
Os elementos utilizados são modulares, industrializados, geométricos, mas a utilização deles de forma repetitiva, seja nos módulos hexagonais ou nas diferentes alturas da topografia artificial, criam uma ocupação orgânica do espaço em harmonia com as árvores e jardins pré-existentes.
A união desses quatro elementos torna o espaço singular; a marquise cria jogos de luz e sombra durante a passagem do dia, funciona como luminária durante a noite e cria relações entre as arvores existentes e os visitantes. Já o projeto da edificação tombada na escala 1:1 é um alerta e uma crítica à necessidade da preservação do patrimônio histórico paulista e enquanto os containers abrigam os espaços funcionais do acesso, a topografia artificial delimita o espaço e mostra o percurso para o visitante criando pontos de vista e ilusões de óticas diferentes em determinados locais.
Nota: Este projeto foi originalmente publicado em 20 Outubro, 2015.