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Arquitetos: HARQUITECTES
- Área: 637 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Adrià Goula
Descrição enviada pela equipe de projeto. O terreno está localizado no centro histórico da cidade de Granollers, na Espanha, entre muros, em um tecido urbano de habitações. O espaço disponível é estreito e alongado, com apenas 6,5 metros de largura e acessível a partir de duas ruas. Devido ao estado de degradação do edifício existente, apenas a fachada principal foi mantida por estar razoavelmente bem conservada, oferecendo um determinado valor de patrimônio.
O desejo dos proprietários foi diferenciar duas zonas na casa: a área interna, onde o cotidiano familiar acontece; e uma área secundária, isolada e funcionalmente independente para ser usada indistintamente como uma sala de estar ou para acolher convidados ocasionais, bem como refeições e encontros. De acordo com a regulamentação de planejamento da área, o alinhamento com a rua acontece automaticamente. A área interna foi voltada para a rua principal, enquanto o lado oeste do terreno, isolado e separado pelo jardim central, tornou-se uma zona específica para acesso de veículos.
A orientação leste-oeste do terreno e seu espaço estreito fez com que fosse difícil conseguir uma iluminação natural nas fachadas da rua. Esta circunstância, somada às dificuldades de dar privacidade ao piso térreo, nos levou a voltar a frente da casa para a rua, criando pátios de acesso em ambos os lados da casa. Estes pátios permitem mais ganho solar e ao mesmo tempo criam espaços de transição, tanto físicos entre a rua e a casa, e entre os espaços internos e externos. Espaços semi cobertos com coberturas retráteis permitem capturar a energia durante o inverno, bem como a ventilação no verão. Desta forma, ambas as entradas de pedestres e de veículos foram resolvidas, evitando espaços típicos secundários e muitas vezes negligenciadas, que muitas vezes são gerados por este tipo de utilizações. As qualidades de privacidade, luz, espaço e conforto térmico destes espaços permitem que a casa seja usada de ponta a ponta, sem qualquer espaço oculto ou residual. Estes espaços bioclimáticos se tornam o primeiro passo de uma sequência de áreas que conectam uma rua à outra ao longo de uma variedade de condições, características e propriedades claramente diferenciadas entre si. A adição desta sequência de espaços e condições térmicas cria um pavimento térreo de 53 metros de comprimento, totalizando 345 metros quadrados, dedicados ao uso mais frequente e coletivo da casa. Ele funciona ao mesmo tempo como um longo corredor contínuo, que dá acesso às áreas privadas e de serviço localizadas no piso superior e no porão, respectivamente.
Cada um dos espaços foi individualmente projetado e conectado com o próximo, identificando claramente o uso específico de cada ambiente, mas ao mesmo tempo sendo parte de um todo.
A sequência de espaços cria uma ambiguidade sobre o que é um espaço interior ou exterior. Ao mesmo tempo, os espaços ao ar livre foram intencionalmente diferenciados com a presença de vegetação e cerâmica que ajudam a criar verdadeiras impressões da paisagem em um terreno sem pontos de vista. A organização, baseada em espaços sequenciados, é totalmente relacionada com o sistema estrutural da casa, optando, consequentemente, por um sistema de paredes estruturais que reforça significativamente a tipologia da casa. As paredes estruturais abraçam cada espaço, limitando o tamanho e a proporção dos espaços entre as aberturas de tal maneira que a estrutura condicione drasticamente as experiências e percepções na casa. A variedade de materiais cerâmicos, diferentes texturas da fachada, a espessura das paredes e a capacidade de auto-regulação da umidade e da inércia térmica são experiências que identificam cada tipologia de espaço.
A relação entre as diferentes unidades estruturais produz descontinuidades que precisaram ser resolvidas, tornando-se uma oportunidade para organizar a alvenaria de tijolos, criando feixes pós-comprimido, onde as camadas de tijolos sólidos foram reforçadas.
Os materiais e a distribuição dos espaços privilegia o comportamento passivo da casa, a partir de pátios bioclimáticos que não só asseguram a estabilidade térmica entre 15 e 25º C, mas também reduzem o uso de energia dos espaços diretamente relacionados com esses pátios.
Os elementos de proteção solar pendurados na parede de tijolo externa previnem as pontes térmicas, ainda que desconectados às janelas. Funcionam como um elemento secundário e mais dinâmico, uma adição circunstancial adequada para ser alterada ou substituída ao longo dos anos.
Para finalizar, a casa foi climatizada por sistemas radiantes ligados a um sistema de energia geotérmica para permitir a troca passiva com o solo. Esta elevada inércia interna ligada à temperatura do solo permite alcançar um comportamento térmico muito estável nas diferentes estações, com um consumo energético menor.