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Arquitetos: Heintz-Kehr architects
- Área: 11600 m²
- Ano: 2014
Descrição enviada pela equipe de projeto. O antigo armazém Seegmuller, construído em 1932 pelo arquiteto Gustav Umbdenstock foi utilizado como armazém de grãos durante anos. É parte de um grande e notável conjunto industrial da área de porto de Estrasburgo: La Presqu’île Malraux.
Esta doca artificial possui 600 m de comprimento, está próxima do centro de Estrasburgo e atua como o ponto de conexão faltante entre os distritos Sul e o Universitário, no eixo leste oeste que conecta a França à Alemanha. Esta península longitudinal é composta de uma torre central de 50 metros e dois edifícios mais baixos anexos. O escritório Heintz-Kehr & Partners venceu um concurso em 2010 ao planejar três edifícios (incluindo uma torre de 110 m de altura) e o planejamento urbano da península e superfície d'água circundantes.
Desde as primeiras ideias deste concurso, os arquitetos desejavam preservar o patrimônio industrial, para demonstrar aos habitantes e aos muitos políticos que frequentam esta que é uma das capitais europeias que é possível alcançar a modernidade com pedaços da memória industrial. A utilização inicial do edifício existente, com concreto armado (em um grid de 4.50 m x 4.50 m de grandes dimensões para uma sobrecarga potencial de 2000 kg / m²) permitiu substituir a antiga cobertura de telha por uma estrutura metálica de 3 pavimentos. O aço foi uma escolha de leveza e estética.
Este exoesqueleto metálico, inspirado pela retórica do porto, reinterpreta de forma contemporânea a modulação e as características do edifício existente. Em uma sobriedade quase minimalista, o novo elemento possui apenas pele (de vidro) e ossos (de aço). O grande balanço de 15 m na fachada ocidental, estruturado por 6 vigas treliçadas (30m de comprimento e 9m de altura) - abriga a praça central da área e o novo "pulsar" urbano que ele configura.
A água abaixo do balanço reflete uma mistura do ballet dos refletores dos carros que circulam nas margens circundantes. Se o sobredimensionamento da estrutura de concreto existente aliviou as cargas de transferência, as atualizações sísmicas para a conformidade de todo o edifício exigiu micro-cirurgias na estrutura: alargamento de juntas de dilatação, criação de paredes de cisalhamento sísmico, etc...
A atualização das fundações subterrâneas foi uma estréia experimental na Europa: colunas com 14 m de profundidade e 2 m de largura foram instalados 4 tubos metálicos de petróleo preenchidos com concreto. Custos relacionados à estrutura chegam até 50% do custo de construção total (geralmente esta margem está entre 30-35%). Ainda assim, o custo total do projeto é ainda muito interessante, especialmente para uma construção junto ao centro da cidade: 1200€/m².
Os arquitetos propuseram uma grande mistura programática no mesmo edifício. O que significou enfrentar legislação conflitante entre programas públicos (como os restaurantes, educação de ensino superior, áreas de exposição ...), com habitação e escritórios na preservação de uma coerência ao ar livre e uma ótima funcionalidade de seus interiores.
No piso térreo, onde grandes porções de alvenaria foram substituídos por grandes painéis de vidro e portas de grandes alturas também em vidro de 3.70m, o edifício existente abriga restaurantes, e os seus terraços mostram as antigas docas de altimetria, a base para a nova construção. O antigo Tourette foi erguido por um pavimento que possui uma vista panorâmica de 360° para as montanhas dos Vosges e as Montanhas da Floresta Negra que circundam a planície da Alsácia.
Outras partes do galpão original também abrigam a Fabrique du Numérique - um espaço de 2000 m criado pela Cidade de Estrasburgo para o desenvolvimento das culturas digitais, FabLab, etc ... - além de uma escola de jornalismo e comunicação, uma série de start-ups no campo da tecnologia da informação, dos meios digitais, do design e da comunicação, e ainda outros espaços de escritório ao estilo co-working. A parte nova (com exoesqueleto metálico) é composta de 67 unidades residenciais com altas performances ambientais, com tipologias que varia de estúdios até apartamentos de 4 quartos. Todos são feitos em estrutura de aço, que é notável considerando os problemas acústicos de tais materiais.
Na fachada norte, escadas de incêndio são externas não só para otimizar as metragens internas, mas também para proporcionar uma identidade arquitetônica - citando as tribunas do El Lissitzky e consolas de Adalberto Libera - recusando-se, graças a configuração do terreno, a dicotomia entre fachada nobre e fachada técnica. Eles conectam os diferentes programas, com algumas manobras estruturais, ampliando suas dimensões consequentemente para o acúmulo de pessoas - de 90 centímetros de 4.50 m na parte mais ampla.
Este grande exemplo de restauração e reutilização demonstra a vontade dos arquitetos em preservar os vestígios do passado na cidade de amanhã, e a capacidade técnica e de engenharia para reinterpretar uma herança arquitetônica de forma contemporânea e inovadora.