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Arquitetos: ZLGdesign
- Área: 2850 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Staek Photography
Descrição enviada pela equipe de projeto. O processo de desenho para o projeto Lantern Hotel foi iniciado em 2012, com longos períodos de espera até a aprovação da fachada do edifício por parte das autoridades, a confirmação do cliente em relação ao número de habitações e sua distribuição, repassando uma e outra vez o desenho, buscando diferentes opções e fazendo exercícios de cortes de custo para maximizar o orçamento. Deste modo, foram projetadas 49 habitações, todas suítes, 2 dormitórios com 6 camas cada um e banheiro externo, instalações para o café-da-manhã, área de computação centralizada, área de vestiários e um terraço exterior com vistas a Petaling Street, Chinatown.
Lamentavelmente, foram demolidas as pequenas lojas existentes neste local, substituindo-as por um enorme bloco de 5 pavimentos, não respeitando o entorno ou o patrimônio do país. O Hong Leong Bank funciona nos primeiros 2 pavimentos. Os três andares superiores estavam vazios nos últimos anos, mas recentemente começaram a ser utilizados como livraria.
Nos encontramos, por um lado, com uma massa do edifício existente "fora de proporção", e com o dilema em satisfazer as demandas do cliente de maximizar o espaço para tantas habitações quanto fosse possível com um pressuposto mínimo; Ao mesmo tempo, tratamos de desenhar um hotel no qual os hóspedes se sentissem bem e conversasse com o entorno, parcialmente patrimonial [a maioria já destruído] e histórico da Petaling Street, na forma mais sensível e empática possível.
Em termos de sustentabilidade, decidimos desde o princípio ter todas as áreas comuns ventiladas naturalmente, somente nas habitações dos hóspedes existe ar-condicionado, e trazer a maior quantidade de luz natural possível ao espaço. Asseguramos a ventilação cruzada no espaço horizontal e vertical através de aberturas na fachada e o vazio vertical com uma fresta entre a claraboia e a cobertura. Utilizamos somente materiais de construção disponíveis localmente como o tijolo queimado escuro, concreto colorido polido, azulejos para o piso, revestimento de cal branco e madeira compensada natural. Conseguimos artesãos locais para construir as persianas de madeira da fachada e utilizar madeira reciclada para o terraço e móveis soltos. Painéis solares para chuveiros de água quente foram instalados na cobertura e por último, mas não menos importante, o custo total desta reforma incluindo móveis/decoração até a saboneteira, foi somente de 4.2mil.
A fase de construção enfrentou uma grande quantidade de restrições e obstáculos. Como já foi citado, o Hong Leong Bank opera nos primeiros 2 pavimentos, junto com as lojas dos vendedores ambulantes no térreo que não poderiam ser perturbadas ou interrompidas, o que se tornou um grande desafio para a construtora e para a logística do local. Tivemos de trabalhar de uma maneira pouco convencional, lidando com diferentes ofícios e artesãos na sua maioria não adaptados ao idioma inglês, sem uma construtura principal liderando. Grande parte das decisões foram feitas diretamente no local, seja verbalmente ou por meio de croquis para simplificar desenhos elaborados de cad.
Ao longo de todo o processo de desenho, nosso desafio era não perder de vista nossa ideia inicial de criar um espaço central vazio/pátio. Também queríamos introduzir a luz natural em todas as plantas e colocar o corredor principal ao longo da fachada exterior para que os hóspedes possam ter vistas para fora [seja através das novas paredes de tijolo com aberturas ou através das persianas de madeira].
Queríamos que a fachada se camuflasse em harmonia com o entorno. Decidimos, então pela fabricação local, tijolo queimado de cor marrom escuro de Johor Bahru, estudamos diferentes métodos de coloração para permitir a abertura suficiente e colocarmos os tijolos de uma maneira a criar uma textura 3D na fachada.
Eliminamos as aberturas existentes e agregamos uma nova fachada na parte superior da parede, de modo que adicionamos janelas com treliças de madeira nas aberturas existentes ou levamos a parede de tijolo ao longo da abertura. As janelas estão demarcadas por placas de aço de 10 mm de espessura com acabamento em óxido e haste também em aço utilizada como amarração - além de apoios para a segurança adicional.
Por causa da demolição das lajes, as vigas existentes estão expostas e, junto com as caixas de vidro em balanço, criam um jogo animando de dinâmico no espaço vazio. Destacamos estas vigas com suas aberturas tubulares existentes para os ductos originais de ar-condicionado através da adição de iluminação interior das aberturas e a pintura dos lados interiores na cor alaranjada e os outros 2 lados em cor verde que confere um brilho à noite.
O esquema de cor alaranjado e verde chega até as habitações, onde uma das laterais do vazio possui cortinas verdes e a outra laranja. Se faz o mesmo com uma das paredes dentro das habitações, um lado é laranja ou verde que se mistura com a cortina ou com o tecido das cadeiras dentro das caixas de vidro.
Suavizamos a borda do espaço vazio com plantas/ trepadeiras, colocando vasos galvanizados com hastes de aço no lugar de guarda-corpo convencional no corredor em frente ao vazio e desenhamos jardineiras de concreto na cobertura para permitir que as plantas se arrastem por baixo da claraboia ao longo das hastes de aço horizontais, conferindo sombra ao espaço.
Para criar mais textura e materialidade no interior do corredor e na escada, eliminamos o gesso e os tijolos existentes expostos. O solo de concreto existente na área do corredor é polido com um pouco de cor que lhe confere um aspecto de pátina / textura cálida. O vazio entre a escada de entrada e a fachada estava antes fechado sem luz natural, principalmente na área da escada. Deste modo, abrimos o espaço e criamos um vazio onde a luz natural passa pela fachada de tijolo e pode fluir no espaço.
Sendo antes uma planta aberta, foram agregadas todas as paredes das habitações utilizando blocos de concreto pintado. Todas as habitações estão voltadas ao pátio interior, algumas possuem uma caixa envidraçada que penetra no vazio, uma abertura de altura completa ou uma área de terraço na fachada lateral no nível 2, com vistas a Petaling Street. Todas as habitações, exceto os dormitórios compartilhados, são suítes com acabamento em mosaicos, um pequeno nicho pintado em laranja ou verde com um revestimento em madeira sólida e uma escada de bambu fixada na parede para toalhas. Todas as habitações possuem camas de madeira feitas sob medida sem tocar o piso e os dormitórios possuem beliches feitos em madeira compensada. Sendo muito pequenas (as habitações oscilam entre 15 e 18 metros quadrados) adicionamos um espaço centralizado para armários em todos os corredores que utilizam o mesmo conceito de treliça de madeira da fachada nas portas do armário.
Com a recepção no nível 2, destacamos a entrada principal no térreo com uma luminária vermelha suspensa em frente a porta de entrada principal. Na entrada desenhamos um pequeno hall de espera com um banco fixo de concreto e madeira compensada antes de subir a área de recepção no segundo pavimento. Este nível conta com 15 habitações e todas as comodidades públicas básicas como recepção/ bar / balcão / parede magnética para notas e informações, uma área de balcão, uma simples estante de madeira compensada e mesas/cadeiras no interior do pátio. Estas mesas e cadeiras são utilizadas para o café-da-manhã e reuniões. Desde este nível, uma escada de metal/madeira conduz até o terraço exterior com vistas para a rua Petaling. Os próximos 2 pavimentos acima são plantas típicas cada uma com 16 habitações + 1 dormitório compartilhado.
Esperamos que este edifício evoque associações, lembranças e uma ideia do que poderia haver neste local específico antes, que nos lembra o rico passado histórico e o patrimônio de muitos lugares na Malásia e no Sudeste Asiático.