- Área: 210 m²
- Ano: 2012
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Fotografias:Richard John Seymour
Descrição enviada pela equipe de projeto. O local da intervenção está situado em Alcácer do Sal, Alentejo, uma região estratégica em Portugal devido às suas características geográficas, ambientais e paisagísticas. Nesta área, o rio Sado foi um dos principais fatores de crescimento, devido à sua navegabilidade. As extensas áreas de produção de sal representaram igualmente um forte fator para o desenvolvimento econômico da região, combinado com o solo rico existente, que promoveu a agricultura - que ainda é a atividade dominante da região.
Nomeada 'Sítio das Lezírias', na extensa propriedade (de aproximadamente 14 ha) em que a intervenção foi feita, uma antiga área agrícola, existem dois edifícios: o solar e os estábulos, cujo projeto de reforma foi feito pelo Data Atelier. A transformação desses estábulos em habitação, nos deu a oportunidade de pensar sobre o espaço interno e também de testar a forma que as pessoas podem habitar áreas rurais antigas novamente. Este projeto é o resultado da primeira fase de uma estratégia ampla que visa reviver uma antiga terra agrícola, combinando novas técnicas agrícolas com uma nova maneira de viver.
Diretrizes de projeto para a transformação dos estábulos em habitação:
- Manutenção da estrutura original de madeira da cobertura e o eixo de circulação / caminho central (o caminho dos cavalos);
- Transformação e redesenho dos espaços, antigamente dos cavalos, em unidades residenciais flexíveis;
- Distribuição dos "núcleos de água" - baterias funcionais - dentro dos limites de cada unidade residencial (paredes equipadas);
- Recuperação das técnicas tradicionais de construção e materiais dentro de uma lógica de reinterpretação e reinvenção do espaço doméstico.
Sobre o programa:
Há 5 espaços, todos com uma área aproximadamente igual: 4 podem ser utilizados como dormitórios e 1 como área de estar, com uma mesa que permite que se cozinhe e faça refeições.
O edifício original costumava ser um estábulo para os cavalos, com paredes espessas ao redor, uma charmosa estrutura de madeira na cobertura, sustentando o teto, e, finalmente, ao longo de um passeio central do edifício, os cavalos foram levados a seu próprio espaço. Hoje em dia, o edifício mantém exatamente esta lógica original, com o mesmo passeio central, que conecta vários espaços que podem ter usos imaginativos.
Sobre as opções de materiais:
Decidimos utilizar materiais resistentes e acessíveis, que adaptam-se à lógica do novo uso do edifício e aos estábulos antigos. O pavimento foi executado em cimento, o qual logo foi encerado. No pavimento dos 5 banheiros e a área de preparo da cozinha, foram escolhidos azulejos hidráulicos feitos à mão, uma técnica portuguesa muito antiga, com charmosos desenhos geométricos e coloridos. Todas as paredes possuem os mesmos acabamentos, cimento também encerado, tanto em áreas privadas, públicas ou úmidas. Finalmente, convidamos o artista João Mouro para criar os murais em todos os lavabos, com materiais reciclados procedentes de outros edifícios antigos.