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Arquitetos: Christian Kerez
- Ano: 2007
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Fotografias:Walter Mair
Descrição enviada pela equipe de projeto. Uma casa para duas famílias é um edifício com uma parede que o divide em duas metades. Esta parede é única em toda a casa. Não é possível cruzá-la em nenhum lugar e ela cumpre com funções convencionalmente atribuídas a vários elementos arquitetônicos. É a estrutura portante e a base de instalações, suas dobras definem todos os ambientes e determinam as vistar a partir do edifício de vidro.
A simplicidade do conceito, a redução da arquitetura a um único elemento, cria dependência substancial e, por sua vez, torna o edifício muito complexo. É apenas através da dependência que a parede adquire um caráter atrativo e convincente, ainda que, em si mesma, pode seguir qualquer curso.
A parede entre as duas unidades tem dobras para a estruturar, assim como se dobra uma folha de papel para que esta possa se sustentar. As dobras variam de um pavimento a outro. Um dos ambientes é côncavo, outro convexo. Um dos cômodos é aberto, assim como outro possui repartições. A forma da parede é invertida em cada um dos apartamentos opostos.
Cada pavimento consiste num grande ambiente, expansivo de uma maneira extremamente econômica. Isso explica o motivo pelo qual o edifício parece muito menor quando visto de fora. Há apenas uma área em toda a casa que está completamente fechada: o banheiro, mas este não se desprende da lógica da parede dobrada. A porta do armário que ocupa toda a altura do dormitório é uma continuação da parede. Nem armário, nem banheiro, interrompem o progresso da parede; pelo contrário, a expande e multiplica.
As paredes, que variam a posição de um pavimento a outro, estão unidas por escadas que conduzem através de toda a profundidade e altura da casa de um extremo ao outro. A escada em cascata é a última tentativa e talvez a mais importante para dar claridade espacial e expansão a um edifício restringido e muito pequeno.
Originalmente publicado em 21 de maio de 2015.