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Arquitetos: Architecture For Humanity, CAS Studio Architecture
- Área: 1000 m²
- Ano: 2013
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Fotografias:Edgar Lange
Objetivos do projeto
Numa zona de transição entre o urbano e o rural, tornou-se fundamental a localização de um equipamento de interesse público que pudesse servir os jovens sem possibilidade de se dirigir ao centro da cidade de Manica. Esta zona, com 10 hectares foi reflorestada pela associação local GDM (associação recreativa e desportiva Manica) e tornou-se um parque que alberga atividades de caráter social, desportivo e ecológico.
O centro comunitário serve mais de 3000 jovens em atividades relacionadas com a prevenção do HIV e malária, aulas de idiomas e computadores, atividades culturais e o desporto.
Incluiu a construção no parque, de um espaço de produção de blocos de terra comprimida com o objetivo de estabelecer uma linha de produção na região criando emprego local e utilizando um material local abundante e de baixa pegada ecológica, a terra.
O projeto foi financiado pela sfw/fifa e apoiado pela ONG Architecture for Humanity.
Conceito e Desenho
Para a construção do equipamento formou-se pessoas da comunidade de Manica e utilizaram-se materiais locais como a terra proveniente das escavações para o edifício.
Também se adotaram técnicas artesanais com o bambu. Isto permitiu melhorar tecnologias que fazem parte da tradição construtiva local, adaptando-as aos requisitos de conforto e durabilidade do nosso tempo.
Com a colaboração do GDM foi possível formar mais de 40 pessoas da comunidade e de as integrar nas várias fases do projeto, desde o desenho, produção dos blocos de terra comprimida (BTC) até à construção do edifício.
O edifício integra-se na paisagem, inspirando-se na arquitetura vernacular. Como as construções tradicionais envolventes tem paredes vermelhas feitas de terra, aproveitando as suas propriedades de absorver a humidade e de a transmitir para o exterior, aumentando o conforto interior e evitando a utilização de ar condicionado.
O centro comunitário serve de porta de entrada no parque recém-criado e serve de modelo de construção para futuros novos edifícios.
Ao centro um espaço exterior coberto de reunião e distribuição para os vários espaços. É o espaço de maior altura e deste ponto central observa-se o parque a norte e a entrada a sul com a montanha Vumba de fundo.
A poente, a sala polivalente abre-se para o maior espaço arborizado e fecha-se através de portadas de ferro e bambu.
A nascente, o núcleo de escritórios e salas de aulas são associados a um espaço exterior taludado com vegetação, tornando-os mais privados e íntimos.
De ambos os espaços, a poente e nascente e por questões de segurança pode-se observar o pátio central e quem nele circula e entra no parque.
As coberturas prolongam-se a nascente e a poente para quebrar a luz do sol e controlar a iluminação principalmente no verão. No centro a cobertura abre-se para aumentar a circulação do ar e o efeito de aspiração.
Às paredes vermelhas de terra que prolongam o próprio solo junta-se o bambu das portadas, utilizado nas vedações das construções envolventes e o dos tetos criados por artesãos locais, criando uma maior uniformidade visual e ajudando ao isolamento térmico da cobertura. Também a iluminação foi feita em bambu utilizando elementos artesanais locais.
No exterior e a norte, numa plataforma elevada de um metro, pilares de blocos de terra e bambu com bancos criam sombreamento, prolongando o espaço de estar do espaço central do edifício e direcionam o visitante para o interior do parque e das montanhas envolventes.