- Ano: 2015
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Fotografias:Fernando Alda
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Fabricantes: Simon
Descrição enviada pela equipe de projeto. Devido às condições físicas e topográficas, a configuração urbana da cidade de Tíjola é feita de um confuso núcleo central com ruas sinuosas que é diluído nas bordas, mudando de configuração para um traçado mais organizado a medida que se aproxima o vale e a topografia é atenuada. No entanto encontra-se uma indefinição quando em níveis mais altos, bairros com pequenas cavernas e pequenos montes ao sul da cidade, onde estão um conjunto de espaços sem planejamento, edificações informais.
A área do projeto se encontra em um destes espaços 'não resolvidos' que por sua vez adicionam um grande significado cultural e religioso ao município.
A procissão do "el Calvario" é celebrada na Sexta Feira Santa ao amanhecer, em um percurso sinuoso entre os pinheiros segue as estações da via sacra dispostas ao longo da Loma del Calvario, onde uma cruz anuncia o momento da crucificação. Esta celebração implica entrar em contato direto com este espaço público e sua configuração específica: a ascensão, a liturgia do Caminho e todas as pausas dão sentido ao layout atual da subida morro acima.
A renovação urbana da comunidade La Loma del Calvario demanda uma abordagem específica para estabelecer o futuro de um espaço carregado de memória coletiva. Esta abordagem também deve ser capaz de reinterpretar e acrescentar qualidade ao espaço público que envolve a área de intervenção como espaço para novos usos, para recuperar a relação direta entre o percurso e o espaço público com o meio natural e as áreas mais urbanas. Isso irá permitir que a cidade estabeleça novas formas de se relacionar com suas bordas assim como recuperar o respeito desta centralidade marginalizada.
Nossa proposta consiste em dar continuidade no processo de reflorestamento, criando uma zona de contato entre o domínio urbano e a floresta, para resolver os espaços não-definidos da cidade assim que alcança a altura dos primeiros montes. Isso acontece na extensão da floresta em direção ao domínio urbano, reflorestando o espaço urbano, ou estendendo e desfazendo a linha que separa o assentamento urbano assim que ele alcança as colinas e o bosque de pinheiros, urbanizando a floresta.
A Loma irá acomodar novas instalações de lazer da cidade e reunir novos usos e espaços públicos ao longo de sua borda. Dentro deste sistema de praças-jardins-parque, o bosque de pinheiros como um recurso estratégico e símbolo do reflorestamento do espaço urbano, determina a reconfiguração da forma como a Loma é acessada, enquanto também se torna o elemento em torno do qual o espaço público é organizado: Distribui usos, ajuda a traçar itinerários e nos permite estabelecer a materialidade da proposta. Memória coletiva e festas populares têm gerado uma forte consciência coletiva que é canalizada para se tornar a força motriz da renovação de Loma, bem como do complexo sistema de espaços abertos interligados.
As áreas vazias existentes entre a Nueva Calle Puntal e Loma também são reorganizadas. Nós propomos um reflorestamento urbano para esses espaços em meio as colinas que incluem muros de contenção que criam terraços e definem caminhos existentes. Este parque se torna um espaço introdutório, um parque como espaço prévio ao projeto.
Seguindo a linha da trilha existente, o caminho é estendido para os lados, como um tapete, a fim de incorporar cada um dos marcos ou alcovas morro acima. Em outros lugares, a pavimentação muda sutilmente para motivar as pessoas a parar, meditar e descobrir a paisagem: são pequenas extensões em cada uma das curvas de caminhos. Isso ajuda, por um lado, a reduzir sua inclinação e torná-lo mais confortável, e por outro para gerar uma série de pontos de vista, uma vez que é a partir daí onde se pode capturar as melhores vistas do vale e da cidade.