- Área: 400 m²
- Ano: 2014
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Fotografias:Hemant Patil, Monali Sonar
“Devemos tratar de trazer a natureza, as casas e o ser humano a uma unidade superior.” - Mies van der Rohe.
A Residência Panorama encontra-se nas águas estancadas da represa Gangapur em Nashik. A água represada é enquadrada pela bela cadeia montanhosa Sahydri, que transforma o local em um sonho idílico.
Com tal contexto, a intenção não poderia ser mais simples do que a de criar um espaço que simplesmente demarca a imagem idílica e contemple os magníficos jogos do clima e das estações que animam a vista perfeita. A ideia foi levar ao mínimo o desenho, o espaço e os materiais. Sendo um espaço fluido, também dissolve as fronteiras entre interior e exterior com a natureza para além dele.
Com esta simples intenção em mente, a residência foi concebida como um simples volume cúbico de concreto pigmentado que combina com a cor do solo e dos arredores, apoiado sobre uma sequência uniforme de esbeltos pilares Miesien. Uma curiosa coexistência entre o pesado e o delicado - algo como Le Corbusier se casando com Mies para criar uma tipologia de residência subtropical.
O envoltório de concreto e os pilares de aço estão dispostos de tal forma que criam-se balanços laminares de concreto nos quatro lados. Uma tela de painéis de correr de vidro, de solo a teto, correm entre os pilares para ajudar com a composição ainda mais distante. A laje em balanço de concreto da cobertura cria uma suave transição até o terraço.
Os blocos de serviço são tratados como objetos independentes, colocados dentro do envoltório de concreto de tal forma que apenas delimitam os espaços por sua presença, mas nunca se separam por completo do espaço gerado. Isso garante um movimento orgânico com a residência ao invés de criar áreas formais de movimento.
A residência foi projetada para incorporar apenas três materiais dentro da intenção de manter a pureza do espaço, além de representar uma posição crítica frente às tendências atuais de utilizar uma quantidade quase infinita de materiais falsos e acabamentos artificiais, enquanto nosso projeto conseguiu alcançar todos os seus objetivos apenas com a laje R.C.C, diretamente do padrão da cobertura na parte superior, até o piso de concreto polido na parte inferior. A cor dos arredores se mistura com as montanhas e com a estrutura para deixarmos perceber o conjunto como uma só unidade.
Apesar da intenção poética no projeto, em última instância a arquitetura é a composição de três elementos tridimensionais feitos de materiais reais para, juntos, criarem um espaço. Portanto, os materiais são de suma importância para compor esta poesia. Quando crianças, todos guardam memórias de desenhos do sol nascente entre duas montanhas, e os reflexos na água, com aves voando no céu. Assim, fizemos um esforço para demarcar esses momentos queridos infinitamente.