
-
Arquitetos: Carles Enrich; Carles Enrich
- Ano: 2015
-
Fotografias:Adrià Goula
Descrição enviada pela equipe de projeto. Gironella é um município que cresceu nas últimas décadas dividido pelo Rio Llobregat. O centro histórico local encontra-se no topo de uma colina de vinte metros da margem direita do rio, onde localiza-se o castelo medieval cuja muralha foi declarada Bem Cultural de Interesse Nacional.

A parte moderna de Gironella situa-se ao outro lado do rio, junto à rodovia nacional que une Barcelona a Berga, favorecido por uma topografia mais plana, o que permitiu um maior crescimento e expansão.

Descontinuidade Urbana
O desnível de vinte metros gerou uma fratura social. Com o passar dos anos, o centro histórico sofreu um processo de despovoamento devido às dificuldades de acesso. As estreitas ruas escalonadas que levam à praça local supõem um esforço para os mais idosos e os mais jovens.

A proposta consiste na inserção de um novo acesso ao casco antigo da cidade para potencializar a conectividade urbana entre suas partes, dinamizando o uso do centro histórico e evitando a exclusão social.

Recuperação do Caminho de Cal Metre
A fachada fluvial de Gironella é formada por uma série de vestígios medievais que conformam um patrimônio arquitetônico e histórico para a cidade, da mesma forma que as colônias industriais do início do século XX que margeiam o rio.

Nossa proposta pretende integrar-se de forma respeitosa a uma nova camada na memória histórica do local. Propomos a localização para um elevador em um ponto estratégico do caminho de Cal Metre por onde, antigamente, acessava-se as colônias têxteis.

O elevador deverá ser uma ajuda para melhorar a acessibilidade ao centro histórico, mas também um ativador na recuperação do uso que essa antiga paisagem fluvial outrora teve, oferecendo continuidade urbana com o espaço público da praça da vila.

Materialidade
Nossa intenção é dialogar com todas essas preexistências, potencializando a relação com as indústrias têxteis e reconhecendo o estrato vegetal como espaço público.

Para tanto, resolvemos a caixa do elevador com três materiais: aço, cerâmica e vidro.

Estrutura
A estrutura de aço foi realizada inteiramente em uma oficina local e traduziu-se para a obra em 4 tramas que são colocadas em 4 dias diferentes. Trata-se de uma estrutura formada por pilares tubulares de 80.8 e anéis tubulares de 80.8 a cada um metro e meia. Além disso utilizou-se perfis L 100 soldados aos anéis, o que permite a fixação das treliças cerâmicas.

Porosidade
Os 16 metros superiores foram cobertos por uma superfície vazada formada por tijolos colocados lado a lado.

A escolha do tijolo como material de fechamento atua como filtro solar oferecendo, por sua vez, porosidade, entrada de luz e ventilação à caixa do elevador. Por outro lado, desmaterializa a caixa ao deixar passar a luz por suas entradas opostas gerando um aspecto de leveza que contrasta com impressão de opacidade gerada por um ponto de vista mais distante.

Contato Visual
A trama fecha três lados da estrutura. A superfície interna foi deixada aberta, permitindo a relação visual com a parede de pedra durante todo o trajeto.

Os oito metros inferiores da caixa possuem um fechamento envidraçado, cuja transparência garante uma relação próxima com o caminho da Cal Metre e as árvores, que criam uma sombra agradável que muda com as estações.

Para favorecer a relação do elevador com as atividades que são desenvolvidas na praça, a fachada foi resolvida com envidraçamento.

Originalmente publicado em Fevereiro 25, 2016