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Arquitetos: Ana Laura Vasconcelos
- Área: 490 m²
- Ano: 2009
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Fotografias:Fernando Guerra | FG+SG
O Passado
Este projeto é uma história, feita de outras histórias criadas, de pesca de baleias nos Açores. É uma história de uma ilha intimamente relacionada com a memória de um povo e uma tradição altamente digna no passado, tanto em termos humanos e profissionais. Uma história da Fábrica de Baleias em ruínas (uma das maiores nos Açores), que quer ser mais do que um patrimônio esquecido, resistindo ao tempo.
O Conceito
A história de um Centro de Interpretação Ambiental, em uma perspectiva didática e pedagógica, visa mostrar "in loco" o espaço e as informações relacionadas à a conservação da vida marinha e o uso sustentável do Oceano Atlântico, a proteção da biodiversidade, a recuperação da zona costeira e o renascimento do patrimônio mundial das baleias e sua cultura. O projeto converte e amplia a Fábrica de Baleias, sem rivalidade ou pretensão. Seu conceito e imagem derivam do antigo tanque de óleo de baleia de cobre, transformado em claraboias. As lanternas do telhado resultam em uma composição volumétrica do lado de fora, enquanto a luz e a sombra contrastam no interior. Aqui, o conceito compreende duas partes: um conjunto de salas (salas de exposição temporária e permanente, videoteca, auditório, aquário virtual e loja) e uma passarela flutuante que as conecta.
O Projeto
Esta é a história de um projeto que visa a restauração de um edifício classificado como patrimônio histórico. Construído no subsolo e cercado por um muro de pedra natural, o projeto converteu os tanques em salas de exposição, mantendo a sua estrutura de concreto original, e expandiu a área de intervenção ao revolver a terra ao redor, criando um local espaçoso em que os leves volumes de madeira parecem flutuar, diferenciando claramente as novas construções da antiga. Todas estas combinações de materiais - os tanques de óleo de concreto, os espaços de madeira e a parede de pedra natural - foram concebidos para criar um espaço unificado que apela para os sentidos.
O projeto inclui seis diferentes camadas de intervenção:
1. A reconstrução dos tanques de concreto, agora pintados de branco;
2. A reconstrução da parede de pedra natural, seguindo o projeto original;
3. A composição de novos e pequenos volumes de madeira;
4. A passarela flutuante (elemento unificador) que conecta todos os espaços;
5. O piso, que é uma escultura, imitando as rochas vulcânicas do mar;
6. A entrada em mármore branco, o único elemento contemporâneo que atravessa a parede de pedra
Em última análise, esta é a história de um Centro de Interpretação Ambiental, que não nasceu do zero, mas a partir da história de um edifício histórico, um conceito e um local. Um novo edifício com velhas histórias para contar. Uma típica história que transforma o conceito de arquitetura em um gesto. Afinal de contas, os espaços adquirem a sua própria identidade através de histórias e gestos.