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- Área: 500 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Gabriel Castro / Reverbo
Contexto
Detentor do título de maior cinema do Brasil por alguns anos, o Cine Theatro Brasil foi construído em 1932 na esquina de uma rotatória no hiper-centro de Belo Horizonte.
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Pesado e elegante a um só tempo, seu volume art déco era então um dos maiores edifícios da cidade.
Ele foi seguido na década de 1950 por dois outros prédios emblemáticos construídos na mesma rotatória: Banco da Lavoura (Álvaro Vital Brasil, 1950) e Banco Mineiro (Oscar Niemeyer, 1953), o que fez destas esquinas um conjunto arquitetônico misto modernista-art decó.
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História
O Cine Brasil desempenhava um papel importante na programação de cinema e artes visuais e funcionou como um modelo de ocupação arquitetônica e urbana da jovem capital.
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Em 1936, abrigou a primeira exposição modernista em Belo Horizonte, indicando a sua vocação para a vanguarda e experimentação.
Vários usos marcaram suas lojas voltadas para as ruas adjacentes – restaurante popular, barbearia, café, galeria de arte etc. –, o que deixou vestígios e restos de história impregnados em seus elementos construtivos.
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O Cinema entrou em decadência nos anos 1990 e ficou fechado por décadas. Em uma recente e desajeitada conversão do prédio em centro cultural, um enorme salão de eventos foi construído logo acima do telhado antigo, o que gerou um vazio arquitetônico entre o teto inclinado da plateia e a laje do novo salão
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Dentro desse vazio, a estrutura das tesouras de concreto do telhado que cobria o edifício original foi preservada.
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Arqueologia Estrutural
Arqueologia Estrutural procurou ativar este lugar imaginário, tornando habitável aquele espaço inóspito. Articulada como um exercício de arqueologia estrutural, a proposta revisita e rememora o projeto arquitetônico original, reveste as tesouras do telhado com uma tela translúcida, instala tablados de madeira sobre o teto da plateia e convida os visitantes a conhecer um espaço rico porém jamais utilizado, possibilitando novos usos e acontecimentos em um vazio até então desperdiçado.
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As salas de exposição que agora integram o centro cultural expressam as camadas de memória do edifício, quer nas vértebras expostas das tesouras de concreto, quer nos desenhos variados dos pisos que nos lembram a divisão anterior das salas, como foi observado pelos curadores da exposição inaugural, Fabíola Moulin e Marconi Drummond.
Assumir a presença destes elementos como referência de uma nova relação entre arte, arquitetura e cidade pareceu ser o caminho natural deste novo espaço de exposição, transformando-o em um extenso habitáculo com o potencial de transbordar-se para a cidade e reconectá-lo com seus moradores.
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Citando novamente os curadores, “transbordar é sair das bordas, extravasar, derramar-se, espalhar-se em torno para alargar as bordas. Assim como um rio transborda, ampliando suas margens, Arqueologia Estrutural, nesse movimento, quer tornar possível uma reconexão do edifício com a cidade.”
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