-
Arquitetos: Vaumm
- Área: 8300 m²
- Ano: 2015
-
Fotografias:Aitor Ortiz
Descrição enviada pela equipe de projeto. A cidade de Pasai Antxo está em uma localização natural privilegiada, determinada por uma enseada de 300 metros de comprimento, um corredor natural margeado por penhascos, que dá acesso ao porto marinho e protege as embarcações em seu interior, configurando um porto de refúgio excepcional.
A evolução histórica deste território constatou com o passar dos anos, que sua grande virtude era também seu grande problema. As magníficas condições marítimas de seu porto o impulsionaram durante a revolução industrial de forma exponencial convertendo este território natural em uma paisagem produtiva, emblema do desenvolvimento industrial da região e do poder de transformação do homem. Neste singular marco natural se instalaram indústrias de transformação de metal, grandes infraestruturas de transporte ferroviário, uma usina de geração de energia à carvão e inúmeras indústrias de logísticas, transformando por completo a fisionomia e a economia da região.
A evolução do sistema produtivo, de uma indústria pesada à uma com maior tecnologia e as lógicas de uma sociedade mais consciente da necessidade de recuperar o meio ambiente, liberou grande quantidade de solo, que agora se transformam para dar espaço às áreas residenciais.
O desmanche de pavilhões industriais abandonados e da descontaminação do solo antes ocupado por eles deixou como resultado um terreno lunar, sem nenhuma referência do passado, sem topografia reconhecível e sem nenhum ponto de referência significativo, além de suas bordas claramente delimitados pela infraestrutura ferroviária, a rodovia e o Rio Molinao.
Neste lugar, resultado da chamada "tábula rasa", a primeira intervenção foi configurar uma nova topografia. Aproveitando a escavação necessária para executar a quadra de esportes, é erguida uma pequena colina, que é complementada por uma potente massa arborizada, constitui um elemento separador deste novo âmbito urbano e a infraestrutura viária. Este elemento recebe também o apoio da construção de um percurso esportivo que percorre a cota mais alta do terreno, dando continuidade ao passeio existente em ambos os lados do terreno, e abriga uma plataforma com equipamentos esportivos destinados à terceira idade.
A área intermediária do terreno é configurada por uma praça pública ligada ao Pavilhão Esportivo, relembrando a tipologia urbana clássica do conjunto que forma uma unidade indivisível. A praça está configurada como um espaço vazio, onde é possível a realização de uma grande variedade de eventos, como concertos, almoços populares e até circo.
A última camada da intervenção configura um grande passeio que acompanha a borda do Rio Molinao. A necessidade de manter o nível em ambas as laterais das margens do rio é resolvida através de uma parede de concreto pré-fabricado, revelando o nível original onde a nova paisagem urbana emerge.
O objeto construído do Pavilhão Esportivo é um dos elementos mais proeminentes da intervenção. Suas dimensões exigiam um grande volume, que através de seu enterramento parcial adota uma escala que está de acordo com o entorno. Esta redução de escala está apoiada no tratamento que a praça recebe, convertendo a edificação em um elemento quase escultórico. Uma pequena lanchonete e um banheiro automático servem como elementos funcionais intermediários, entre a praça, o percurso junto ao rio e o Pavilhão.
A geometria multifacetada do edifício faz com que se tenha sempre uma leitura fragmentada do volume escultórico da peça, deste modo sua presença está em constante mudança, respondendo de diferentes maneiras a diferentes pontos de vista. Esta leitura de planos é amplificada pelo efeito da construção, uma vez que as diversas fachadas a cada lâmina de zinco da cobertura, dando lugar a uma textura que desenha cada plano de maneira singular. Estes mesmos padrões de geometrias fracionadas ordenam os elementos próprios da urbanização, como os gradis do pavilhão, e guarda-corpos junto ao rio, bem como canteiros de flores ou bancos, construindo através da geometria uma unidade entre os diferentes elementos que compõem o espaço.