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Arquitetos: Nook Architects
- Área: 130 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:nieve | Productora Audiovisual
Descrição enviada pela equipe de projeto. Nossas clientes compraram uma casa entre empenas cegas com a intenção de fazer uma reforma modesta: renovar a cozinha, de forma a integrá-la à sala, fazer um banheiro novo e, em geral, criar um caráter mais atual à antiga construção.
Apesar disso, quando começaram as obras, detectou-se que a qualidade da construção era extremamente frágil e que os diferentes pavimentos foram realizados em partes, com materiais muito simples. Quanto o piso do pavimento principal quase caiu em nossas cabeças, tivemos que fazer uma pausa e analisar muito bem a situação. A simples reforma se convertia então em uma intervenção integral que afetava a estrutura e o envoltório da residência.
Antes desse difícil imprevisto, o novo planejamento baseou-se em explorar o potencial das novas possibilidades que se abriam nesse momento. Já não se tratava de um sobrado convencional, mas o projeto para o seu futuro a ser feito em uma folha de papel em branco.
O jovem e grávido casal sueco-espanhol tinha uma visão muito Nórdica sobre o que deveria ser a residência: aberta, luminosa e funcional. Diferentemente de outras famílias, não precisavam independentizar o dormitório dos demais cômodos da casa, apenas os dois banheiros. Queriam potencializar as relações visuais entre os diferentes espaços e criar espaços com um uso distinto sem comprometer a versatilidade.
Isso nos levou a trabalhar o corte desde o início do processo de projeto. Ao invés de segregar o programa em dois pavimentos simples, colocamos a leve escada em disposição transversal e desencaixamos o corte, gerando meios níveis, que permitiam a entrada de luz por diferentes pontos do entorno. Dessa forma, pudemos localizar o dormitório de Juno em uma posição central da casa, ideal para a supervisão das mães a partir da sala e do estúdio.
O acesso à cada é feito através de um corredor externo estreito, de modo que todo o volume se oriente a uma única fachada no pátio posterior. O pátio no térreo, fonte principal de iluminação da casa, permite que o espaço se amplie e prolongue diluindo os limites entre interior e exterior. No primeiro pavimento, a fachada é recuada para favorecer a iluminação e formar um terraço ajardinado para que a pequena Juno possa brincar. Duas aberturas genitais na cobertura permitiram que a luz invadisse os espaços inferiores através da escada.
Nesta residência buscamos refletir a honestidade dos materiais, buscando o maior conforto possível com os revestimentos imprescindíveis. As lajes da nova construção ficam nuas, apenas como uma camada de pintura, o volume no qual se apoia a escada recebeu um acabamento com reboco aparente, e os painéis de madeira ligados ao mezanino também se mantiveram com cor e formato originais de fábrica. O rastro da antiga casa fica estampado na parede de tijolo vista do fundo do terreno, onde conservou-se o traçado da antiga escada externa como uma forma de testemunho do passado.
A Casa de Juno sintetiza a evolução de um projeto complexo e transformado. Os grandes imprevistos tornaram-se oportunidades para o desenvolvimento de uma residência sob medida para o estilo de vida do jovem casal e sua filha, que tinha apenas um ano de idade no momento de conclusão das obras.