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Arquitetos: Martin arquitetura + engenharia; Martin arquitetura + engenharia, Martin arquitetura + engenharia
- Área: 269 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Marcelo Donadussi
Descrição enviada pela equipe de projeto. Longe de configurar uma traição (mesmo que seus usuários possam alimentar mais afeição auma casa ou a outra), a existência de uma segunda-casa, destinada aos períodos de descanso, é um conceito que perpassa os séculos (os primeiros relatos datam do século I). Destinada ao lazer, aos períodos de férias, ao tempo dedicado ao ócio, estejam elas no campo, na serra ou na praia, encontram- se preferencialmente localizadas em locais afastados dos grandes centros urbanos. Na sociedade contemporânea, os momentos de descanso, ócio e férias são cada vez mais valorizados, mesmo que em períodos de tempo mais diluídos.
A Casa D1 é justamente uma segunda-casa que nasce desta atitude ancestral, quando uma família busca refúgio da agitação metropolitana na pequena praia de Atlântida Sul, uma das poucas que ainda preservam o caráter de balneário no litoral norte do Rio Grande do Sul. Muito populares na década de 70 e 80, as casas térreas são raras na atual produção arquitetônica, sendo esta a característica principal e geradora do projeto.
Uma casa com pouco mais de 250,00m2 que se espalha pelo terreno de esquina, alinhada com o fundo do lote para privilegiar os espaços para o paisagismo que envolve a residência. Como uma boa casa de praia, o projeto privilegia os espaços de lazer e convívio, que se desenvolvem no living e se prolongam pela ampla varanda.
O bloco dos dormitórios está localizado de forma a garantir maior privacidade, enquanto a parte social está em comunicação com a rua.
A solução formal do projeto é marcada pela busca em anemizar a forte insolação oeste da fachada principal. Neste sentido, máscaras de concreto aparente se projetam para além do corpo da casa e delimitam o espaço da varanda, protegendo a casa e suportando os pergolados que filtram a luz, mas não barram completamente sua entrada. Além disso, brises verticais de concreto interrompem a linearidade da esquadria superior que marca o pé-direito duplo do living.
O aspecto bruto do concreto aparente estabelece um contraste intencional com a pureza do volume branco do corpo principal da casa. As máscaras vazadas de concreto funcionam com bancadas, assento para leitura, além de emoldurarem a paisagem.
A arquitetura que compõe estes espaços de descanso possui um caráter muito peculiar. O programa da segunda-casa se desdobra para abrigar os sonhos e os desejos de seus proprietários que, na maioria dos casos, não podem ser satisfeitos em suas casas oficiais. Mais do que os espaços construídos possam revelar, a casa de descanso e prazer possui uma forte ligação subjetiva com seus moradores, onde o arquiteto não atua apenas com projetista de um ambiente qualquer, mas de um espaço de sonho, fantasia, fuga e refúgio.