Exposição "Os universalistas: 50 anos de arquitetura portuguesa" em Paris

A exposição multimídia "Os universalistas: 50 anos de arquitetura portuguesa" propõe um olhar sobre meio século de pensamento e produção arquitetônica portuguesa, percorrendo o trabalho de arquitetos de referência como Fernando Távora, Alberto Pessoa, Ruy d’Athouguia, Manuel Tainha, Pancho Guedes, Nuno Teotónio Pereira, Nuno Portas, Álvaro Siza, Alcino Soutinho, Eduardo Souto de Moura, João Luís Carrilho da Graça, Manuel Graça Dias; e também de alguns dos mais promissores arquitetos portugueses das últimas décadas, como Manuel e Francisco Aires Mateus, ARX Portugal, Paulo David, Paula Santos, João Mendes Ribeiro, Cristina Guedes e Francisco Vieira de Campos.

Na exposição misturam-se materiais relativos a 50 projetos – incluindo maquetes, desenhos técnicos e fac-símiles de croquis e esboços de arquitetos – com fotografias, textos e caricaturas que refletem as transformações político-sociais em Portugal, nos últimos 50 anos, como explica em entrevista o curador da exposição Nuno Grande.

CINCO MOMENTOS DA ARQUITETURA PORTUGUESA NA EXPOSIÇÃO

1. universalismo vs. (inter)nacionalismo (1960-1974)
Retrata-se o confronto com o último fôlego da ditadura nacionalista de Oliveira Salazar, mas também com o debate sobre o internacionalismo no seio dos arquitetos portugueses. “Na década de 60, os arquitetos pretendem seguir tendências internacionais, sem deixar de olhar para a Arquitetura Popular em Portugal e para os seus ensinamentos espaciais”, explica o curador.

2. universalismo vs. colonialismo (1961-1975)
Neste tema expõem-se as questões colocadas aos arquitetos a trabalhar na África colonial portuguesa, nomeadamente em Moçambique e em Angola: como fazer uma arquitetura tropicalista, seguindo as tendências internacionais do modernismo? “É muito interessante ver como alguns arquitetos trabalham a partir dessa fusão entre tendências eruditas europeias ou brasileiras e as culturas autóctones africanas”, observa o curador.

3. universalismo vs. revolução (1974-1979)
Com o 25 de abril, um dos problemas que é colocado aos primeiros governos provisórios é o do “direito à habitação” social. É um momento-chave, em que o arquiteto surge como agente social, tentando melhorar as condições de vida das pessoas. O processo SAAL (Serviço de Apoio Ambulatório Local), lançado por Nuno Portas, então secretário de Estado da Habitação, torna-se marcante entre 1974 e 1976.

4. universalismo vs. europeísmo (1980-2000)
“Como é que entramos na União Europeia e o que é que ela trouxe à arquitetura portuguesa?”, pergunta Nuno Grande. A resposta passa pelos fundos estruturais e pelas novas oportunidades de trabalho para os arquitetos, quer em Portugal quer no estrangeiro. Com a abertura ao mercado comunitário, os arquitetos portugueses começam a entrar em concursos internacionais e as sua primeiras obras são publicadas em revistas prestigiantes – sobretudo em França, onde a arquitetura portuguesa era quase desconhecida até ao 25 de abril. “A forma de nos relacionarmos com a Europa, que até então tinha sido relativamente distante, mudou decisivamente”, sublinha o curador.

5. universalismo vs. globalização (2001-2016)
O último momento da exposição articula o contraste entre a condição periférica de Portugal e a forte projeção universal da sua cultura. Esta universalidade, que tem como expoentes máximos os mais célebres arquitetos portugueses – Álvaro Siza e Eduardo Souto de Moura –, é hoje reinventada por uma nova geração, dentro e fora do espaço português.

Via Fundação Calouste Gulbenkian

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Cita: "Exposição "Os universalistas: 50 anos de arquitetura portuguesa" em Paris" 15 Abr 2016. ArchDaily Brasil. Acessado . <https://www.archdaily.com.br/br/785487/exposicao-os-universalistas-50-anos-de-arquitetura-portuguesa-em-paris> ISSN 0719-8906

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