- Ano: 2015
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Fotografias:Amit Geron
"É preciso aprender. Todos os homens têm em comum a capacidade de sentir prazer e dor. Mas essa semelhança é para cada um apenas uma probabilidade a ser verificada. E pode ser verificada apenas pelo longo caminho do diferente." Jaques Tancière, em O Mestre Ignorante.
A nova escola francesa "Marc Chagall", localizada no bairro de Neve Tzedek em Tel Aviv é composto de dois volumes. O volume principal foi construído em torno de um antigo pátio aberto no qual estão voltadas as salas de aulas e as escadas suspensas. Ao redor deste pequeno jardim, que é o foco excêntrico dos caminhos do edifício, duas escadas crescem nas laterais criando uma escadaria dupla, que termina no pavimento superior de um novo espaço aberto, um ponto de encontro para os estudantes. A característica principal destas escadas é seguir seu caminho de forma dupla e assimétrica, do conjunto de escadarias frente ao pátio e do jardim principal da escola. Este caminho direto, que conduz desde o exterior ao primeiro andar é um dos principais elementos da fachada, que se orienta em direção ao antigo edifício e faz com que o visitante olhe para o céu. O segundo volume é uma ampla sala de aula junto ao volume principal.
"As fachadas da Escola sorriem". Com estas poucas e simples palavras um jovem estudante descreve nossa ideia de construir uma camada incomum ao redor do edifício. Cada fachada dá ao aluno uma visão diferente do edifício, também uma homenagem às obras primas de Chagall. Como em um sonho, onde se misturam diferentes argumentos e se apoiam entre si, as figuras de Sobre o Povo (1912) aparecem na fachada frente a Rua Shluss. A imagem muda de acordo com o ângulo de visão, quando se aproxima do edifício, seus rasgos se modificam.
Trinta painéis óticos de alumínio de diferentes medidas e criados para a pintura graças ao sistema de pixels 3D, transformam as cores da imagem à várias e pequenas sombras criadas pela peculiar forma da superfície dos painéis, fazendo da imagem quase um holograma. Isto cria um tecido ótico que muda de acordo com o ponto de vista do observador, ou segundo a diferente difusão da luz artificial durante a noite. A fachada destaca a ideia de Chagall sobre a cidade cruzada por figuras, animais e objetos que flutuam no ar contra as leis do tempo e da gravidade. Na fachada oeste é possível aceder ao pátio que conduz às salas de aula, a profunda passagem da escadaria e uma longa fileira de janelas, que recebem a luz do sol da tarde. Na grande parede branca estão pequenos painéis de vidro com cores puras, não misturadas: azul claro, laranja, vermelho, amarelo, azul; bandeiras de lugares imaginários que apenas as crianças podem ver.
Estes fragmentos de luzes de cores se unem ao pavimento através de finos cabos de aço, que servem de suporte para vegetação trepadeira: glicínias roxas na fachada leste e jasmins na fachada oeste. Se levantam lentamente do solo em direção ao teto como um conto de João e o Pé de Feijão. As histórias são uma fonte de liberdade, que o mestre Chagall era capaz de transmitir com suas obras.
As cores também continuam nos pisos das amplas salas de aula, que estão voltadas ao verde do entorno ou ao mar. As aberturas foram pensadas para captar as partes mais interessantes do panorama urbano de Tel Aviv. A escola apresenta diferentes graus de luminosidade graças à linha dupla de aberturas e o pátio interior, que também proporciona ventilação natural.