- Área: 840 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Daria Scagliola+Stijn Brakkee, Poesia, MVRDV
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Fabricantes: Siko, Vetreria Resanese
Descrição enviada pela equipe de projeto. O projeto Crystal Houses do MVRDV iniciou com o pedido de Warenar para projetar uma loja âncora combinando a herança holandesa e a arquitetura internacional em Hooftstraat, uma rua com lojas de luxo em Amsterdã, que fora anteriormente residencial. Os arquitetos do MVRDV queriam fazer uma representação dos edifícios originais e encontraram uma solução através do uso extensivo do vidro. As fachadas de vidro imitam os edifícios originais, sobre as camadas de tijolos e os detalhes dos caixilhos das janelas, mas são esticadas verticalmente para cumprir com as leis de zoneamento atuais e para permitir um aumento do espaço interno. Tijolos de vidro se estendem até a fachada da Crystal Houses, se dissolvendo em uma fachada de tijolos terracota tradicionais nos apartamentos (conforme estipulado nas regras de estética da cidade), que parece estar flutuando acima do piso comercial.
O desenho visa fornecer uma solução para a perda de natureza local em zonas comerciais em todo o mundo. O aumento da globalização do varejo levou à homogeneização das ruas comerciais de luxo. A Crystal Houses tem uma grande vitrine que as lojas contemporâneas precisam, mantendo seu caráter arquitetônico e sua individualidade, resultando em uma loja âncora que busca se destacar entre as outras.
"Nós dissemos ao cliente: 'Vamos trazer de volta o edifício que vai ser demolido, mas vamos desenvolvê-lo'", explica Winy Maas, arquiteto e co-fundador do MVRDV. "A Crystal Houses abre espaço para uma loja âncora notável, respeita a estrutura do ambiente e traz uma inovação poética à construção de vidro. Ela permite que marcas globais combinem o desejo de transparência com um local tradicional, com herança. Assim, ela pode ser replicada em todos os lugares em nossos centros históricos."
Depois de conceber a ideia inicial do projeto, MVRDV trabalhou em estreita colaboração com uma série de parceiros para desenvolver as tecnologias para torná-lo possível. Os tijolos de vidro sólidos foram fabricados individualmente e trabalhados por Poesia in Resana, perto de Veneza, na Itália. A pesquisa realizada pela Universidade de Tecnologia de Delft, em parceria com a empresa de engenharia ABT e a empreiteira Wessels Zeist, levou ao desenvolvimento de soluções estruturais e técnicas de fabricação de um adesivo transparente com altíssima resistência da Delo Industrial Adhesives na Alemanha, para cimentar os tijolos sem a necessidade de uma argamassa opaca.
Cerca de dez especialistas trabalharam todos os dias durante um ano inteiro em um lugar que mais parecia um laboratório do que um canteiro de obras. Devido à sensibilidade dos materiais, um nível extremamente elevado de precisão e habilidade foi necessário e uma equipe de desenvolvimento técnico ficou no local durante todo o processo. Uma vez que esta construção é a primeira de seu tipo, novos métodos e ferramentas de construção tiveram que ser utilizados. Apesar da sua aparência delicada, testes de força feitos pela equipe da Universidade de Tecnologia de Delft provou que o vidro utilizado é, em muitos aspectos, mais resistente que concreto.
O desenvolvimento de novos métodos de construção trouxeram possibilidades adicionais para a obras futuras, tais como a minimização de resíduos. Na sua essência, todas as peças de vidro são completamente recicláveis. Os materiais residuais do projeto, como os tijolos imperfeitos, foram derretidos e re-moldados, ou totalmente reaproveitados. O mesmo serve para a fachada: uma vez que quando o edifício chegar ao fim da sua vida útil, toda a fachada pode ser derretida para ganhar uma nova vida.
Com uma fachada feita principalmente de vidro, foi importante garantir que as necessidades de energia fossem fornecidas através de fontes renováveis. Portanto, o edifício foi projetado em torno de uma bomba de calor geotérmica, com tubos até 170 metros de profundidade, permitindo uma climatização interna ideal durante todo o ano.
A loja é opera atualmente para a marca francesa Chanel, que retornará mais tarde para sua localização anterior na rua Hooftstraat, também de propriedade da Warenar.