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Arquitetos: Goma Oficina; Flavia Tenan, Guilherme Tanaka, Gonzalo Sarnago, Maria Cau Levy, Pablo Urquiza, Rodrigo Oliveira, Rodrigo Gonzaga e Sofia Bicca
- Área: 2330 m²
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Fotografias:Lauro Rocha, Fernando Banzi
Um processo arquitetônico: ressignificação, coletividade e aprendizado
O Projeto Vila Flores vem acontecendo ao longo de 6 anos e por muitas mãos, devendo ser descrito com uma lógica que o inscreve no tempo e guia seu partido arquitetônico, pela perspectiva da VIDA que hoje nele pulsa.
Datado de 1928, localizado na antiga região industrial na várzea do Rio Guaíba, Porto Alegre, o conjunto de edificações não apenas permitiu como inspirou o Vila Flores. A semente de um espaço compartilhado, adequado ao desenvolvimento de atividades colaborativas, já estava no projeto original de Joseph Lutzenberger, pela diversificação dos tamanhos das unidades destinadas uso misto e pela concepção dos espaços de uso comum.
Ocupar, trabalhar, viver e conviver são as bases para o processo de readequação do conjunto arquitetônico, que está listado como interesse cultural para o patrimônio da cidade. O projeto vem sendo desenhado de maneira processual e colaborativa, desde 2011, quando o conjunto arquitetônico foi aberto para a comunidade com a intenção de tornar-se um centro de cultura, educação e economia criativa. de ouvidos abertos para a construção de uma ideia coletiva
VIDA
Desde 2012, muitas atividades culturais são realizadas no local e abertas a comunidade do entorno. A Associação Cultural Vila Flores (ACVF) nasceu em 2014, quando o complexo começou a acolher iniciativas de pequenos empreendedores e artistas que desenvolvem atividades próprias de sua área de atuação e que, além de gerir o espaço coletivamente, desenvolvem projetos compartilhados que promovem a interação e diálogo entre as diferentes áreas do conhecimento. Cada iniciativa contribui com uma mensalidade, que permite à associação ter recursos para gestão cultural, administração, manutenção, e zeladoria dos espaços comuns.
Surge, assim, uma relação de afeto e pertencimento, no envolvimento dos grupos chamados iniciativas residentes. Juntos esses grupos formam a ACVF, em que cada coletivo mantém suas atividades autorais e autônomas e também é responsável pela gestão compartilhada dos espaços comuns destinados ao convívio, ao encontro, a troca de serviços e produtos, exposições, mostras, exibições, oficinas, cursos e palestras.
Uma grande rede de relações vem se criando em torno do Vila Flores, conectando sociedade civil, iniciativa privada, universidades e poder público, que cada vez mais estão voltando seu olhar para o patrimônio industrial de Porto Alegre, região identificada na cidade como o Quarto Distrito.
EDIFÍCIOS: O CONJUNTO
O Conjunto VF é formado por dois prédios de três pavimentos de estrutura mista (alvenaria portante e concreto armado) e um galpão de alvenaria, conformando juntos o pátio interno. São 2.332m2 construídos em um terreno de 1.415 m2. As edificações são parte do Inventário do Patrimônio Cultural de Bens Imóveis do Bairro Floresta, inseridas em área de interesse cultural da cidade. O conjunto foi originalmente desenhado pelo engenheiro e arquiteto alemão Joseph Franz Seraph Lutzenberger, e construído pela multinacional Dyckerhoff & Widmann s.a. no final da década de 20, conta com poucos adornos e bay-windows nas suas salas principais. No projeto original, Lutzenberger garantiu uma excelente implantação aproveitando-se da iluminação natural e ventilação cruzada, além de boa distribuição entre área construída e vazios abertos.
O projeto de arquitetônico de renovação foi desenvolvido para ser executado em etapas, de acordo com as possibilidades e sustentabilidade financeiras, e factível para adequação e captação de recursos junto a investidores e editais, o projeto tem como objetivo a requalificação dos edifícios e adaptação de seu uso a uma demanda contemporânea. Está previsto o uso do conjunto programas de serviço, comércio e habitação.
As premissas de projeto são o restauro das fachadas externas e elementos originais, resolução de sistemas infraestruturais, circulação e acessibilidade, e questões estruturais da saúde das edificações.
CONCLUSÃO
O Vila Flores é um projeto não convencional, realizado em etapas e aberto à participação da comunidade. Um núcleo de resistência originado em um bem privado, que hoje presta serviços de utilidade pública através de ações que fomentam a preservação do patrimônio material e imaterial, o acesso à cultura, o desenvolvimento de novas tecnologias sociais, valorizando a arte em todas as suas linguagens e o crescimento do empreendedorismo criativo.
O projeto encontra-se em fase de captação de recursos através de leis de incentivo, para que possa atingir o ideal de readequação arquitetônica e viabilizar a sua continuidade como equipamento cultural da cidade. O que se almeja é que o Vila Flores seja um espaço de experimentação e transformação, cada vez mais aberto ao público, vivo e diverso e que isso possa se refletir no dia a dia da cidade.