- Área: 9000 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Delfino Sisto Legnani + Marco Cappelletti
Descrição enviada pela equipe de projeto. A restauração realizada pelo OMA do Fondaco dei Tedeschi, do século XVI, em Veneza, é completa. O projeto foi encomendado pela família Benetton, em 2009, para transformar o edifício de 9.000m² em uma loja de departamento, que agora se encontra sob um contrato de arrendamento com o DFS de Hong Kong.
Construído em 1228 e localizado ao pé da Ponte Rialto, em frente ao mercado de peixes, o Fondaco dei Tedeschi é um dos maiores e mais reconhecíveis edifícios de Veneza. Foi posto de troca para mercadores alemães, alfândega na época de Napoleão, e correios na época de Mussolini. Representado por Canaletto e outros mestres, e fotografado inúmeras vezes como o impressionante, mas anônimo pano de fundo da ponte Rialto, o Fondaco permanece como um testemunho mudo da era mercantil de Veneza, com seu papel reduzido com o despovoamento progressivo de Veneza.
Duas vezes destruído pelo fogo e reconstruído (na sua forma atual em 1506), manipulado no século XVIII, e depois sujeito a uma série de intervenções arquitetônicas radicais no século XX para acomodar as funções de correio sob o regime fascista, o Fondaco discretamente incorpora a brutalidade secreta de Veneza. Quase totalmente reconstruído com uma tecnologia moderna de concreto durante a década de 1930, o Fondaco é um palimpsesto histórico de essência moderna, sua preservação abrange cinco séculos de técnicas de construção. Independentemente da história de suas adaptações (torres removidas, pátio coberto com vidro, adição de janelas, estrutura reconstruída ...) e a real falta de autenticidade de sua estrutura, o seu estatuto jurídico de "monumento" (concedida em 1987) proibiu quase qualquer alteração.
O plano de renovação realizado pelo OMA se baseia em um número infinito de intervenções estratégicas e dispositivos de distribuição verticais que suportam o novo programa e define uma sequência de espaços públicos e caminhos. Cada intervenção é concebida como uma escavação através da massa existente, liberando novas perspectivas e desvendando a substância real do edifício para seus visitantes, como um acúmulo de autenticidades.
O projeto - composto por arquitetura e programação - abre a praça interna para pedestres, mantendo seu papel histórico de 'campo' urbano coberto. A nova cobertura é criada pela renovação do pavilhão do século XIX existente, sobre um novo piso de aço e vidro que paira acima do pátio central, e a partir da adição de um grande terraço de madeira com uma vista espetacular da cidade. O telhado e o pátio abaixo tornam-se locais públicos, abertos para a cidade e acessíveis em todos os momentos.
Novas entradas para o edifício são criadas a partir do Campo San Bartolomeo e o Rialto; entradas existentes para o pátio, usados por moradores locais como um atalho, foram mantidos; escadas rolantes foram adicionadas para criar uma nova rota pública através do edifício; ambientes são consolidados de uma forma que respeitam as sequências originais; elementos históricos cruciais como os cantos permanecem intocados. Alguns aspectos do edifício, perdidos por séculos, foram ressuscitados: as paredes das galerias irão se tornar novamente uma superfície para afrescos, reaparecendo de forma contemporânea.
O Fondaco dei Tedeschi vai ativar seu potencial como um importante ponto de destino e de vantagem para turistas e venezianos; uma loja de departamento urbana contemporânea, palco de uma diversa gama de atividades, desde compras a eventos culturais, encontros sociais e atividades da vida cotidiana. A renovação do OMA, ao mesmo tempo sutil e ambiciosa, mantém a tradição de vitalidade e adaptação do Fondaco, sua preservação é mais um capítulo da história ilustre e diversa do edifício. Ela evita reconstruções nostálgicas do passado e desmistifica a imagem 'sagrada' de um edifício histórico. O projeto foi liderado por Ippolito Pestellini Laparelli, Rem Koolhaas e Silvia Sandor.