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Arquitetos: Vazio S/A
- Área: 320 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Gabriel Castro / Reverbo, Silvio Todeschi, Carlos Teixeira
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Fabricantes: Arq Pedras, Celite, Docol, JJ Esquadrias, Sol e Ar, Templuz, Vitrale
Descrição enviada pela equipe de projeto. A Casa no Cerrado foi construída no sopé da Serra da Moeda, no estado de Minas Gerais. Ela tem três quartos e é, em poucas palavras, uma piscina no terraço e uma escada que leva a esse terraço, que desempenha também a função de mirante. As salas ficam abrigadas sob a piscina e têm vista para a Serra e o Cerrado de árvores retorcidas, sendo que o sol inclemente do norte e do oeste é protegido por brises de eucalipto.
O jogo entre forma e função aqui é espontâneo e não-dogmático: as rampas e escadas da piscina estão estampadas nas fachadas e conformam o espaço interno das salas. O emprego da fonte programática fica registrado de maneira direta e inequívoca: é uma estratégia que explora a relação programa/forma como uma correspondência absoluta e inevitável e como gerador do caráter da casa.
Ao mesmo tempo que busca explorar a plasticidade de elementos arquitetônicos básicos, o projeto exalta este bioma pouco valorizado e ameaçado: o Cerrado. Não há projeto de paisagismo: a casa assenta-se sobre a paisagem encontrada, cuja imensidão pode ser bem vista sobre o mirante-piscina.
Contexto
Segunda maior formação brasileira, o Cerrado é um dos sete biomas do país e possui uma área de aproximadamente 1,5 milhão de km². Possui cerca de um terço da biodiversidade brasileira, 5% da flora e fauna mundiais e é o nascedouro de águas que formam as três grandes bacias hidrográficas do Brasil (Amazônica, São Francisco e Paraná/Paraguai). Tem flora específica e é característico por possuir árvores e arbustos espaçados coexistindo com uma vegetação rasteira, caracterizando uma variação sul-americana da savana africana. Pelas suas características ecológicas (tem limite com todos os outros ecossistemas brasileiros), geopolíticas (localizado no centro do Brasil) e culturais, o Cerrado é considerado o bioma da integração nacional.
Os solos do Cerrado já foram considerados como muito ácidos para o cultivo agrícola. Mas quando agrônomos começaram a utilizar adubos com quantidades industriais de calcário na década de 1980, estes solos foram radicalmente transformados. O Cerrado agora produz 70% da produção de grãos do Brasil.
Nos últimos anos, a taxa de destruição ecológica do Cerrado foi duas vezes maior que na Amazônia. E enquanto a maioria da floresta amazônica sobrevive, mais de 60% da do Cerrado desapareceu sob o arado, principalmente nas últimas duas décadas. Ele tem sido um buraco negro para a conservação: apenas 2% do ecossistema está protegido. No entanto, agricultores e ministros brasileiros ainda falam como se não houvesse nenhum valor em sua conservação.