O Auditório Kresge, projetado pelo arquiteto finlandês americano Eero Saarinen, foi um experimento em forma de arquitetura e construção condizente com o foco do Massachusetts Institute of Technology’s em tecnologia e inovação. Esta façanha da engenharia escultural serve como um centro de reuniões e faz parte do núcleo cultural, social e espiritual do campus do MIT. O auditório é um dos inúmeros ousados projetos de Saarinen, que capturou o espírito otimista da época do pós-guerra na América.
O reitor da Escola de Arquitetura do MIT contratou o escritório de Saarinen para projetar um auditório, uma capela, a União dos Estudantes, e uma praça de conexão em um lote na Avenida Massachusetts em Cambridge. O objetivo era definir uma área no campus para incentivar os alunos a organizarem reuniões, serviços religiosos e performances de arte ou exposições. O projeto da União dos Estudantes, que seria perpendicular à avenida criando uma parede de limite à praça, nunca foi realizado. O projeto de Saarinen para a praça em si, com padrões triangulares de pavimentação e grama sobre o estacionamento no subsolo, foi rejeitado em favor de um gramado simples. As formas audaciosas, mas simples e geométricas dos dois projetos construídos - o Auditório Kresge e a Capela do MIT - faceiam um ao outro através de um amplo espaço aberto. Material e formalmente cada um é trabalhado de modo a refletir sua função. A capela introspectiva é uma extrusão de tijolos sem janelas, em contraste com o impulso aparente e a transparência do auditório.
Eero Saarinen (1910-1961), um renomado arquteto do pós-guerra, tanto do sublime como do cotidiano, cativou o público e transformou a profissão com seus projetos de destaque, como o TWA Terminal, o Aeroporto Internacional de Dulles e o Arco de St. Louis. Os produtos de mobiliário criados em colaboração com Charles e Ray Eames, bem como seu trabalho para a Knoll, mudaram a tecnologia e linguagem visual do design industrial e continuam populares atualmente. Embora seja mais conhecido por suas formas esculturais, a estética da sua obra variou, com muitos de seus projetos fortemente influenciados pelo estilo internacional. Depois que seu pai e colaborador, Eliel Saarinen, faleceu em 1950, Eero abriu seu próprio escritório de arquitetura e completou muitos projetos notáveis antes de sua morte prematura aos 51 anos. Ao longo de sua carreira, Saarinen acreditava que "o propósito da arquitetura é abrigar e melhorar a vida do homem na Terra, cumprindo sua crença na nobreza de sua existência." [1]
Embora a tecnologia tenha chegado da Europa no início dos anos 1920, o Auditório Kresge foi o primeiro edifício em grande escala dos Estados Unidos em estrutura de casca de concreto. A elegante cúpula de concreto armado compreende um oitavo da superfície de uma esfera e é suportada principalmente por três pendentes. A cúpula truncada encerra um espaço triangular de cerca de 2.000 m² de área que atinge uma altura de quinze metros. Com a cobertura estrutural primária variando entre apenas 7 e 17 centímetros de espessura, o vão é de 35 metros. Vigas reforçadas ao longo do perímetro definem a cobertura e ligam grandes fachadas transparentes. Uma segunda camada não estrutural de concreto, de 6 centímetros, foi aplicada como um substrato à cobertura.
O projeto experimental passou por inúmeros ensaios durante e após a construção. Originalmente destinado para ser sustentado inteiramente sobre os três suportes principais, a deflexão das vigas de borda foi maior do que o previsto e exigiu a adição de montantes verticais estruturais por trás das janelas. A utilização de materiais convencionais de revestimento de telhados para essa inovadora superfície de curvatura dupla também provou ser um desafio. As telhas de mármore e folhas de cobre revestidas com chumbo foram especificadas como material de cobertura, mas rejeitadas devido a questões de custo ou de desempenho. Um sistema de peças de calcário finas em um aglomerante de polímero acrílico líquido acabou sendo selecionado para revestir a casca, resultando em uma caixa branca e imaculada. Por volta de 1963, movimentos térmicos diferenciais conduziram à fissuração e a falhas do sistema original de cobertura. Chapas quadradas de chumbo foram instaladas e infiltrações de água através do revestimento de chumbo precipitaram graves deteriorações devido ao ciclo de congelamento-descongelamento. Em 1979 o concreto e o reforço das vigas de borda próximo de cada suporte principal foi substituído. Ao mesmo tempo, um telhado de cobre foi instalado e é mantido até hoje. [2]
Do nível dos olhos, a atenuação da forma para três pontos dá uma leitura delgada ao volume expansivo. A entrada leva os visitantes a um saguão de entrada alongado no meio nível entre o auditório principal e o teatro menor abaixo. Espaços adicionais no nível mais baixo incluem áreas de ensaio, uma sala de estar, vestiários e uma oficina de carpintaria.
Embora a acústica não tenha conduzido a forma geral do auditório, ela moldou as modificações internas que otimizam a experiência das performances e permitem eventos simultâneos. O palco no auditório principal flutua sobre um bloco de fibra de vidro, amortecendo vibrações potencialmente causadoras de distúrbios ao teatro abaixo. As paredes de carvalho com apoio de absorção, os assentos de tela policromada e um conjunto de painéis suspensos curvilíneos calibram o ambiente sonoro. Mesmo com essas intervenções, a forma de cúpula é legível desde o interior.
A resposta da crítica foi fortemente dividida. A maioria das revistas de design e construção nacionais seguiram o processo de planejamento, a maioria com grande entusiasmo. Ainda assim, o projeto concluído enfrentou grandes críticas por não se relacionar com o contexto, ter deficiências estruturais, e ser uma forma inapropriada para um auditório [3]. Um artigo da Architectural Record,de 1955, exaltou o sucesso funcional do prédio, mas avaliou que a paleta austera de materiais carecia de calor [4]. No entanto, em 1956, a mesma revista listou o Auditório Kresge como o 15º edifício mais significativo dos cem anos predecessores [5], e em 2008 ele foi listado pelo mesmo periódico como um dos dez maiores edifícios de Boston.
Para mais informações, reveja os vários artigos no ArchDaily que destacam o trabalho de Eero Saarinen.
[1] Citação de Eero Saarinen
[2] Boothby, Thomas; Parfitt, M. Kevin; Roise, Charlene K., “Case studies in diagnosis and repair of historic thin-shell concrete structures,” APT Bulletin, 2005, v.36, n.2-3, p.3-11
[3] Ford, Edward, Details of Modern Architecture, Volume 2. Cambridge: MIT Press, 2003. Pg 285
[4] “The opal on the Charles : [Kresge Auditorium, Massachusetts Institute of Technology]” Architectural Record, 1955 Julho, v. 118, p. 135
[5] “One Hundred Years of Significant Building.” Architectural Record, 1956 Nov., p. 199-200
- Ano: 1955