- Área: 90 m²
- Ano: 2016
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Fotografias:Roberto D´Ambrosio
Descrição enviada pela equipe de projeto. Nosso contexto acadêmico parece partir do ponto de que devemos desaprender muitas noções prévias sobre nosso entorno construído para aprender a fazer arquitetura. Mas nos movemos entre duas tradições da construção, a institucionalizada e a 'informal', esta última representa a maioria do construído no país, por isso vale a pena perguntar: quais conhecimentos significativos conseguem decantar-se até o presente quando existem desde antes da nossa educação formal na arquitetura? Como se transmite este conhecimento - as instruções para estas construções são desenhadas ou narradas? Afinal, como desaprendemos o que não compreendemos?
A residência está situada em um terreno rural onde, provavelmente, nunca trabalhou um arquiteto, rodeada de construções informais de vários tipos: residências de muitas décadas, leiterias e adegas (que tem uma só forma de se fazer) e as frágeis que aparecem e desaparecem sem deixar rastro. A ingenuidade associada a estas construções demonstra a dificuldade em alcançar os efeitos da arquitetura 'pobre' como as estruturas de madeira por onde a luz penetra na edificação fazendo visíveis as partículas de pó no ar entre a madeira velha e o controle total através das persianas.
Como residência de dimensões mínimas o projeto apenas incorporará um percurso no seu interior, como um destino e resumo do deslocamento necessário para que a dona se mudasse ao local, as viagens implicaram na antecipação e nostalgia até se tornar a residência definitiva; é uma coleção dos feitos construídos vistos durante estas viagens.
Uma residência de 'duas águas', com portões de tábuas sobrepostas que oferecem várias possibilidades de controle para a luz e temperatura. As coberturas do corredor e as lajes dos dormitórios fazem com que a luz se encha de cor e perca o calor antes de entrar, isto permite relacionar-se com os ciclos naturais de maneira direta, porque se acentua a luz azul da manhã e a laranja da tarde para levantar-se e deitar-se cedo; poder ver a lua em seus pontos baixos no céu também é possível desde o dormitório principal graças à cobertura de policarbonato em forma de 'V'.
Para a gestão da obra foi indispensável a comunicação pessoal com os construtores e uma maquete detalhada que funcionou melhor do que as plantas.
A proprietária (Sra. V, uma cozinheira incansável) ocupava uma casa que pode construir com as economias da sua aposentadoria (resultando em $ 400 por m²) e que refletisse sua forte personalidade e as lembranças da sua vida sem se preocupar em pedir a opinião do arquiteto.