Cornerstone é um pequeno edifício de uso misto com 5 apartamentos separados e uma cafeteria no térreo. Está localizada em uma nova área residencial repleta de edifícios de alturas e volumetrias similares, ocupando o primeiro lote de uma esquinas das monótonas quadras existentes, frente a uma área comercial. O projeto deveria refletir as condições do terreno e se erguer como uma figura ambígua entre os blocos residenciais e comerciais, um volume heterogêneo entre os repetitivos edifícios da vizinhança.
As lógicas das condições do entorno e da legislação deram forma a este objeto.
Seguindo as restrições locais, todo pavimento térreo deste distrito deve ser ocupado com instalações comerciais, e ao menos metade da fachada no nível da rua deveria ser transparente. A maioria destes edifícios seguem esta regra muito a sério, erguendo o volume e esvaziando o térreo, substituindo a fachada da rua com vitrines transparentes. Isso fez com que estes edifícios se destacassem do térreo, como se perdessem peso para tocar o solo. No entanto, o projeto deste novo edifício se afirma como um pesado volume que encosta no solo, como um pilar da cidade, um ponto de referência atípico entre dois volumes com instalações opostas. Ao invés de vitrines, grandes aberturas foram cavadas das paredes fazendo com que o material principal da fachada continuasse da cobertura até encontrar o chão. Ao posicionar estas aberturas nas esquinas, o edifício evidencia que o volume residencial é na verdade elevado e que a fachada da rua não é um elemento estrutural de fato.
Outra restrição da legislação é a obrigação de um formato 'descontraído' do telhado, o que funcionou bem criando um skyline repleto de telhados em duas águas. No entanto, no esforço de formar apenas uma massa unificada, foi intencional a não separação da cobertura com o corpo do edifício, levando o mesmo material de revestimento até o topo, escondendo o material do telhado em seu volume. A massa parece maior e mais sólida que os edifícios do entorno, embora na verdade não seja.
A aplicação de apenas um material assume um grande papel na unificação do volume do topo ao solo. Painéis cerâmicos de 30 x 120 cm cobrem todas as fachadas, com espessura de 3 mm com reforço de fibra de vidro por trás. Isso foi feito para conferir uma superfície mais uniforme e suave, minimizando os espaços entre os painéis. A combinação destes materiais contínuos e todas as esquinas curvas faz com que a massa do edifício se transforme numa grande escultura de porcelana.