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Arquitetos: Javier Mariscal, Lara Pérez-Porro, Tatsumi Planning; Javier Mariscal, Lara Pérez-Porro, Tatsumi Planning
- Área: 174 m²
- Ano: 2015
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Fotografias:Tatsumi Planning Co.
O contexto: Japão, um método diferente
Esta residência, hoje construída em Yokohama, nunca será ocupada por um casal jovem com ou sem filhos, um casal aposentado, ou uma mulher de negócios com uma agenda apertada e um armário enorme. Trata-se de uma casa protótipo edificada por uma imobiliária japonesa para mostrar um novo conceito de projeto dentro de seu catálogo para potenciais compradores.
Pode soar estranho no ocidente, mas trata-se de um sistema muito comum no Japão onde aqueles que vão em busca do "sonho americano" da casa unifamiliar, jardim e garagem fornecem seu próprio terreno e contactam a imobiliária que melhor responda às suas expectativas. Assim, a compra de uma casa transforma-se na compra de um produto, com soluções padronizadas feitas em série, mas com a possibilidade de adaptação deste conceito de desenho às necessidades do proprietário.
Este método acaba afetando todo o processo, desde o projeto arquitetônico, até a fabricação do protótipo, o método de venda, a adaptação do projeto ao cliente e, ainda, a construção em sua localização definitiva. A adoção de soluções padrão e já testadas pela imobiliária-construtora permite reduzir o preço final de venda, enquanto o processo de construção adota algumas medidas mais próprias da pré-fabricação como o uso de cápsulas herméticas para os banheiros. Muitas das decisões de projeto são marcadas por tal metodologia, portanto para aqueles que não conheçam esta forma de produção japonesa, a imagem final pode não ser tão apreciada.
O briefing
O briefing que recebemos é conciso, uma casa mediterrânea no Japão construída em madeira. Depois do choque inicial e de uma viagem ao país do sol nascente, que serviu para que entendêssemos o método anteriormente descrito aqui, assim como os hábitos de vida dos japoneses, as dúvidas vão clareando. É necessário oferecer um conceito de projeto forte que dê caráter e identidade e que mantenha-se inalterado no processo de adaptação do cliente.
O mediterrâneo nos evoca o mar, o sabor de sal, o cheiro dos pinheiros... Detalhes que, obviamente, não encontramos neste bairro do interior de Yokohama. Apesar disso, outros elementos também são evocados, como sol, luz, sombra e brisa fresca (ou sufocante). Decidimos que um pátio será nosso local central. Projetamos uma casa que transmite intimidade, o que é algo muito difícil de alcançar na densa malha das cidades japonesas e que, ao mesmo tempo, nos permite aproveitar o entorno. Buscamos fazer com que o exterior se arrastasse para dentro enquanto o interior escapasse para fora.
Interior e exterior entram em contato em uma série de situações e de formas diferentes. Aparecem varandas grandes ou pequenas, com coberturas que projetam sombra ou livres para a entrada de luz do sol. Entradas portadas, espaços para comer ao ar livre e o pátio como elemento central ao redor do qual todo o restante do programa se organiza.
O pátio no coração da casa, protegido de olhares alheios, transforma-se no centro do térreo, oferecendo luz natural, ar e transparência. Ventilação e perspectivas cruzadas nos fazem perceber o espaço como um só, e o ampliam distanciando-nos das proporções compactas típicas da arquitetura japonesa atual.
As janelas foram pensadas a partir do interior da residência e buscam refletir a atividade cotidiana. Pequenas e baixas para olhar da banheira, seguindo o percurso da escada ou ao mundo de um corredor, alargando a perspectiva. Grandes para a ampliar a sala ao espaço exterior, sobre a pia para não nos entediarmos enquanto lavamos os pratos. Se Le Corbusier define a casa como uma "máquina para viver", nós preferimos senti-la como um lugar para aproveitar a vida.
