- Ano: 2014
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Fotografias:Barbara Corsico
Descrição enviada pela equipe de projeto. INTRODUÇÃO
No começo de 1910, na área próxima a Rottole e Lambrate, o Miralago foi construído e concebido como um lugar de ócio, um restaurante, salão de festa, bar, aluguel de barcos e um terraço com vistas a um lago. A reserva de água, que foi drenada nos anos 50, era provavelmente uma antiga pedreira situada no lado sul da Piazza Udine. As terras eram propriedade da família Ingegnoli, donos de viveiros que mudaram-se para Cascina Melghera no final dos anos 80, entre a Via Feltre e a Via Crescenzago.
Ao longo da atual via Bellincione, ao lado da casa de campo da família, foi construído um edifício residencial unifamiliar que é o núcleo original do nosso projeto. Mais tarde, a casa foi demolida e o edifício residencial foi ampliado mas manteve os traços tipológicos que, de alguma maneira, remetiam à suas origens. Com o passar dos anos, o edifício e seu jardim foram rodeados, pouco a pouco, pela cidade em crescimento.
Fomos surpreendidos quando Luigi solicitou a renovação da sua casa familiar. Sendo amigos desde a infância, sabíamos o quão fortemente ele e sua família se entregaram ao lar nos últimos anos; convertê-lo em uma residência nos parecia uma espécie de falta de respeito ao seu passado. Juntos refletimos sobre a transformação do edifício a fim de adaptá-lo a uma nova forma de vida e, ao mesmo tempo, à uma paisagem construída que mudou profundamente. O resultado destas reflexões pode ser resumido em poucas palavras-chave: transformar, regenerar e adaptar.
TRANSFORMAR
O edifício se assenta em um terreno trapezoidal com o lado menor em frente a atua via Bellincione. O jardim, mesmo estando rodeado por altos edifícios de apartamentos típicos da paisagem suburbana, apresenta uma frondosa vegetação que proporciona uma grande intimidade. Originalmente, os três pavimentos sobre o nível do solo estavam unidos por escadas exteriores: a garagem e lavanderia estavam no térreo, a residência estava no primeiro e segundo pavimento e o ático no terceiro.
Uma série de pórticos, terraços e varandas adicionados nos últimos anos transformaram o edifício original, ajudando a fortalecer ainda mais o contraste entre o estilo e escala com o contexto arquitetônico. O processo de transformação é desenvolvido em duas direções, a mais óbvia que era retirar toda a adição feita no edifício para volte ao seu rigor original e, ao mesmo tempo, fazê-lo cumprir com as novas exigências dos proprietários. A segunda mudança foi feita no jardim, o qual, graças a seu espaço privado e íntimo, converteu-se em um lugar de relação e comparação entre os futuros residentes e o espaço urbano.
REGENERAR
A regeneração da construção, em particular seus aspectos urbanos, construtivos e o desenho da planta, permite alongar sua vida evitando uma nova ocupação do solo. Entretanto, a regeneração real é um processo mais complexo, que também refere-se a aspectos sociais e culturais, contribuindo com a mudança de percepção de um lugar e desencadeando novos comportamentos. Durante o desenvolvimento do projeto, nos perguntamos sobre a natureza e os hábitos dos futuros residentes: famílias jovens ou pessoas que utilizem o espaço durante períodos curtos, graças a proximidade das universidades Città Studi e do novo polo terciário próximo a Udine. Uma 'paisagem social' tão pressuposta, nos fez entender que os espaços públicos, como jardim, entrada, estacionamento subterrâneo, o átrio e conexões verticais deveriam ser desenhados de tal maneira que facilitem as relações entre as pessoas.
ADAPTAR
Lambrate se transformou radicalmente nos últimos anos e a casa de Luigi, que uma vez esteve na borda do lago artificil Miralago agora está em uma área residencial suburbana de alta densidade. Também as normas que prezam pela renovação de um edifício foram profundamente alteradas, por isso, o projeto teve que se adaptar ao edifício e às novas regulamentações e normas. Este tipo de limitação; redução das distâncias em relação aos edifícios adjacentes, impossibilidades de criar aberturas para as áreas vizinhas, etc., gera um âmbito de ação bastante estreito. A construção do novo estacionamento subterrâneo e a fachada do edifício existente são ações que melhoraram a funcionalidade e, ao mesmo tempo, habilitam a sustentabilidade econômica da operação.
O PROJETO
Desde um ponto de vista arquitetônico, o projeto elimina todos estes traços tipológicos que fizeram com que o edifício contrastasse com o contexto, de acordo com um desenho mais rigoroso e limpo. Primeiro atuamos no edifício através da simplificação da arquitetura existente, por meio da eliminação de todos aqueles elementos supérfluos (escadas exteriores, varandas, toldos e superfícies) que impediam uma leitura clara dos volumes. Desta forma, o volume 'livre' de seus adereços, foi formado através de duas ações principais:a adição de novas peças e a 'escavação' de outras.
A fim de aclarar esta composição volumétrica, as principais superfícies dos volumes foram diferenciadas por duas cores, cinza escuro e cinza claro. O desenho das fachadas estava baseado em uma retícula modular na qual fixamos a composição de janelas, varandas e revestimentos. A cobertura está feita de azulejos de porcelana aplicadas diretamente sobre a camada de isolamento. Os materiais das fachadas e cores se integram com a paisagem adjacente construída. Porém, em uma escala maior, foi introduzido um novo elemento que nos dá a possibilidade de modular o tamanho dos azulejos e criar um desenho