Um protótipo de construção de baixo custo para pequenos produtores, desenvolvido pelos arquitetos Noelia Monteiro, Julia Marini, Christian Teshirogi e Desy Frezet, do Estúdio Flume, foi o vencedor da edição 2016 do prêmio Call for Solutions, promovido pela Fondazione Giacomo Brondolini, da Itália. Participaram projetos de todo o mundo, e critérios como o potencial para a criação de impacto positivo, o envolvimento entre comunidade local e ecossistema e a potencialidade de replicação foram levados em consideração.
O projeto brasileiro foi escolhido por oferecer um primeiro passo para desenvolver indivíduos e comunidades autossustentáveis, auxiliando na diminuição da pobreza. A equipe do Estúdio Flume observou as diversas funcionalidades do Babaçu, planta comum em regiões de forte êxodo rural, utilizando a fibra no revestimento e proteção da construção. O abrigo serve de base para o estabelecimento das unidades produtivas vinculadas à agro-floresta, como beneficiamento de sementes, viveiro de mudas, extração polpa, entre outras. A modulação prevê uma unidade contemplando depósito e áreas molhadas (banheiros e copa).
São 3 os pilares do protótipo, (1) o uso de matérias-primas locais, de fácil acesso e baixo custo (2) a agilidade na construção, que é modular, permitindo o crescimento das unidades e sua fácil replicação e (3) o armazenamento de água pluvial durante a estação das chuvas.
O abrigo de 46 m² foi projetado em estrutura de madeira e fechamento em palha de Babaçu, incentivando o total aproveitamento da palma que já é explorada pelos produtores da região do Maranhão para extração de óleo e derivados. Quando o projeto for escalado para implementação em outras regiões do país, a matéria-prima deverá ser adaptada, seguindo a mesma lógica, da resistência e abundancia, podendo ser utilizado de forma consciente.
Baseados em princípios bioclimáticos, o piso se eleva do nível do terreno e a cobertura é dupla, criando um colchão de ar e mantendo o ambiente interno naturalmente mais fresco, solução indicada para regiões do nordeste que atingem diariamente temperaturas elevadas.
A cobertura em forma de “V”, longe de ser um capricho estético, otimiza a captação da água pluvial, direcionando-a ao reservatório, interligado ao sistema de irrigação por gotejamento. Assim os produtores podem administrar os recursos hídricos durante o período de seca.
A construção modular prevê que, após a instalação da estrutura mínima, os beneficiários do projeto possam, de acordo com as instruções de montagem, ampliar a construção conforme demanda de espaço.
Arquitetos
Ana Lúcia Hizo, Christian Teshirogi, Natália Albuquerque, Nathália Appel e Noelia MonteiroAno do projeto
2016Fotografias
Cortesia de Estudio Flume