A Companhia de Desenvolvimento Habitacional do Distrito Federal (CODHAB/DF) divulgou recentemente o resultado do Concurso Nacional de Projetos de Arquitetura e Complementares para Edifício de Uso Misto em Santa Maria. O Concurso consistia no desenvolvimento do projeto de Edifícios de Uso Misto para 02 lotes em Santa Maria, totalizando uma área de 1.200 m² de terreno.
Veja, a seguir, a proposta vencedora, desenvolvida pelo Estúdio Gamboa.
Os edifícios e o espaço livre coletivo
A situação dos lotes para a implantação dos edifícios de uso misto, contíguos e delimitados por vias públicas, oferece a oportunidade de intervenção na unidade da quadra que, embora de caráter privado, constitui a transição essencial entre o edifício e a cidade.
A proposta se desenvolve a partir da premissa de que a quadra pode assumir maior integração ao espaço público e expressar a cidade contemporânea através da articulação de múltiplos usos, atores e processos.
A ocupação perimetral resultante do potencial construtivo dos lotes anuncia a relação dos dois edifícios com o centro da quadra, enquanto os acessos de veículos foram definidos na via de menor hierarquia, de trânsito local. As unidades comerciais foram implantadas ao longo da Avenida Alagado, para priorizar a relação com a rua e a calçada, na escala dos que transitam pela cidade.
O desenho do vazio
A articulação das edificações e seus usos autônomos ocorre no desenho do vazio no nível do térreo. A permeabilidade do solo possibilita maior integração ao espaço da cidade através das passagens e do miolo de quadra de uso coletivo, fortalecendo a vida urbana, além de promover a segurança e abrir a possibilidade de relações de vizinhança e de confiança.
As passagens e as áreas de permanência no térreo marcam as zonas de transição entre o caráter essencialmente público do uso comercial e o caráter privado das moradias, resolvendo com clareza e de forma gentil ao pedestre os desníveis do terreno.
As lógicas de intersecção entre as horizontalidades e as verticalidades cruzam a cidade e formam o arranjo territorial. Na escala local, os lugares podem se fortalecer horizontalmente, reconstruindo uma base social coletiva e da vida cotidiana.
O edifício
O volume da edificação habitacional foi recortado para oferecer uma área de convívio comum nos pavimentos e fortalecer o contato visual entre o interior, o espaço livre central, e entre os edifícios. Neste conjunto, as fachadas são os “olhos da rua” e da praça interna.
Nas unidades habitacionais a disposição dos ambientes objetiva o maior aproveitamento de ventilação e iluminação natural.
Nas fachadas de orientação leste e oeste, um beiral da laje de projeção em 60cm permite proteção solar e proteção em dias de vento com chuva para as aberturas junto ao teto. Nesta projeção, elementos vazados de bloco de concreto – cobogós – preservam o contato visual, a privacidade e protegem da incidência solar as aberturas dos ambientes de maior permanência.
O térreo sob pilotis, assim como o embasamento, são estruturados por sistema de concreto armado moldado in loco. Sobre essa estrutura, os pavimentos superiores se desenvolvem em alvenaria estrutural em bloco de concreto. Essa articulação de processos se mostra eficiente, econômica e de rápida execução, conciliando critérios de modulação e fluidez dos espaços de uso comuns no térreo.
Arquitetos
Autores
Camila Paris, Luisa Zacche, Naiara Menezes, Naiene CardosoArquiteta Responsável
Camila Celin ParisAno do projeto
2016Fotografias
Estúdio Gamboa de Arquitetura