- Ano: 2007
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Fotografias: Pedro Lobo, Hugo Carvalho Araújo
Descrição enviada pela equipe de projeto. O Mercado da Terra é algo maior que a Feira e Mercado do Gado, do que a Feira do Cavalo ou a Expolima e advém de uma ambição mais ampla de criar uma rede de “estruturas”, intervenções pontuais e localizadas de maior ou menor escala, mas precisas e de “medidas exactas”.
Desenham-se princípios de intervenção coerentes com uma estratégia política, o Projecto Terra. À escala da vilacriam-se tensões, interdependências funcionais e volumétricas que ultrapassam a superficialidade de um “plan masse” para o perímetro urbano. A solução do Mercado da Terra empresta a esta ideia a utilidade simbólica do sistema, da regra e do grupo. E a noção de que estas características lhe permitiram acompanhar os momentos de opção política, de alterar os “projectos” dentro do projecto. Criou e respondeu simultaneamente a novas necessidades de programa. Já foi maior, menor, teve um edifício multiuso, arena e agora tem picadeiros e campos de provas equestres. Mantém-se ainda actualmente como expoente máximo dessa ambição, coxo apenas enquanto aguarda outras ligações, outros membros de um desenho político.
O complexo surge como uma morfologia improvável para uma feira do gado, distanciando-se dos pavilhões volumosos prefabricados. Coloca-se no remate da vila, mas liberta o fecho da malha urbana para o fazerem outros possíveis equipamentos, mais indicados. A sua função é outra, transita entre a ruralidade imediata dos arrabaldes e o núcleo da vila história, com dignidade. Coabita com palacetes, jardins e capelas. Apesar das sucessivas rectificações do projecto, manteve sempre os conceitos que se estabeleceram no início do processo. A estrutura do plano é constituída por uma malha ortogonal, que se relaciona com as vias existentes e reforça os enfiamentos visuais em relação ao rio. Esta malha é uma guia de referência para posicionar elementos chave da proposta, estabelecendo relações de proporção com construções relevantes ou pontos de interesse paisagístico.
Surge deste modo o formalismo e a aparente informalidade na lógica da composição, uma vez que sobre esta malha se sobrepõe uma composição arquitectónica e uma topografia que se adequa à serenidade da paisagem. As construções não interferem com o carácter rural da área de intervenção, nem com o seu ambiente, mantendo a estrutura de pequena escala, parcelada, com a quebra suave de perspectiva proporcionada pelos muros adjacentes à via principal.
Durante a elaboração dos primeiros estudos para a fase 1 – Feira do Gado, a falta de referências próximas em programas similares levou a alguma indefinição na área que o equipamento deveria ocupar. Por uma lado por causa necessidade de da aquisição de terreno e por outro porque a base de comparação mais próxima que tínhamos era a feira que já se realizava. Acabou por ser esse o modelo para a implantação, uma estrutura linear de boxes, com percursos e largos, em malha de quadrícula semelhante a um pequeno bairro.