- Ano: 2016
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Fotografias:Roland Halbe
Descrição enviada pela equipe de projeto. Grande casa ou pequena vila? O Centro de Artes de Verín proporciona a intimidade de uma casa e a heterogeneidade de uma vila.
O planejamento inicial do projeto surge de uma análise prévia do seu entorno.
Desta análise, concluímos que a cidade de Verín se destaca pela heterogeneidade das suas quadras que se desenvolveram entorno de um núcleo. Apesar das diferentes formas das quadras, o modo de ocupá-las se repete em grande quantidade.
Esta ocupação se caracteriza por muitas edificações de pequeno tamanho que são alinhadas na borda exterior do terreno, diretamente conectadas à rodovia, formando no interior os espaços comuns, como pequenas comunidades ou 'vilas' dentro do conjunto de Verín. "Vilas" formalmente aleatórias, mas que foram definidas pela flexibilidade dos seus usos.
Este projeto é um Centro de Artes onde se enfatiza o feito de que seus usos funcionem separadamente e corretamente. Como exemplo tomamos o próprio esquema anteriormente comentando, onde cada unidade funciona autonomamente no exterior e interior sem interferir uns aos outros.
Desta premissa cria-se o conceito inicial da nossa proposta. Cada uso do programa requerido pela prefeitura se materializa como uma unidade, como um volume que é alinhado no limite do terreno gerando um espaço de convivência e relação, sem hierarquias, fomentando a ideia de pequena comunidade.
Uma vez atingido esse ponto, chegamos a conclusão de que não se pode esquecer as relações entre os diferentes usos, mas respeitando o esquema de volumes independentes do exterior e o espaço comum de relação interior. Deste modo, os volumes 'deslizam' segundo segundo seu uso, de maneira que aparecem espaços intersticiais.
Converte-se em um lugar de convivência de diferentes atividades, um lugar muito especial, onde suas unidades funcionam como 'casas' independentes e o conjunto como uma vila.
Formalmente, o método de desenho é surpreendentemente preciso. O deslocamento e delicado movimento dos volumes cria um esquema de aparência aleatória mas cheio de relações e variantes. É um lugar definido por sua própria flexibilidade imprevisível. Algo involuntário que foi produzido como resultado das relações dos seus próprios usos.
Entre os volumes surgem espaços irregulares como células, lugares de diferentes escalas que permitem aos usuários do centro desfrutar das salas de forma discreta. Como uma pequena vila, os usuários do centro interpretam os espaços livremente e os habitam conforme suas vontades. Caminham de um lado ao outro, buscam intimidade por trás de uma esquina ou saem, se deixam ver e se relacionam.
Concluindo, este esquema compatibiliza a separação e a conexão dos usos, gerando múltiplos centros que interagem e mudam conforme o uso de seus usuários.
O aspecto geral se completa com 'a quinta fachada' do edifício, a cobertura, neste caso formado por um teto verde.
Apesar da sua simplicidade construtiva, volume de concreto e vidro, a estrutura possui um caráter representativo sem esquecer do entorno onde se localiza, se relacionando em escala (tamanho e altura dos volumes) com as edificações que a rodeiam.
Por sua forma de implantação no terreno, a independência formal dos seus usos é um conjunto facilmente ampliável ou modificável, já que tanto sua aparência como seu correto funcionamento não variam.
Sobre seus aspectos, o pedestre entraria no edifício por uma grande praça na esquina onde confluem três sistemas viários importantes. Um caminho que continuará por dentro do edifício para potencializar a ideia de "povoado".
Além disso, cada vez que os volumes entram em contato com os limites dos terrenos, criam-se espaços comuns e acessos exteriores para o uso independente destes volumes.
O último aspecto principal do edifício é sua manutenção sustentável, tanto pelos materiais na sua urbanização, já que somente foram projetados espaços verdes e pavimentos de materiais reciclados, como por suas instalações, permitindo uma economia de energia e de água.